Um dos poucos filmes feitos para adultos estréia hoje em Curitiba. Nestes tempos de produções quase cópias de video games, o que resta são os filmes policiais, como Colateral, com Tom Cruise, A Supremacia Bourne, com Matt Damon e a segunda parte de Rios Vermelhos.
Críticos importantes consideram o francês Jean-Christophe Grangé, de 43 anos, um grande autor na linhagem de Dashiell Hammett e o renovador do noir contemporâneo. Grangé criou um personagem – o detetive Pierre Niémans, da polícia francesa – que nada deve a seus colegas americanos. Vale no papel, mas não no cinema, onde Niémans já ganhou vida duas vezes, sempre na pele de Jean Rennó, um dos atores-fetiche do produtor Luc Besson (que o dirigiu em A Imensidão Azul e O Profissional). Besson é o produtor de Rios Vermelhos 2 – Anjos do Apocalipse, que leva a assinatura de Olivier Dahan.
O primeiro filme ajudou a enterrar a reputação que o ator e diretor Mathieu Kassovitz esculpira com seu vigoroso O Ódio. Desde então, ele foi de mal a pior. Dahan não melhora a série, mas o filme é tão frenético e vertiginoso que isso talvez possa ser considerado um mérito – pelo menos impede o espectador de pensar nas incongruências do roteiro do próprio Besson. São duas histórias que correm paralelas e lá pelas tantas se encontram. Niémans investiga um crime numa abadia. Seu antigo aluno, o jovem policial Reda (Benoit Magimel, de A Professora de Piano) segue a trilha de um misterioso frade associado a mortes violentas. Mais do que um thriller metafísico ou religioso, como o primeiro filme, o segundo bate na surrada tecla dos nazistas que querem dominar o mundo, agora abrindo o portal do inferno. O que há de consternador é que se trata de um filme tão inútil. Besson e Dahan não aprenderam as lições dos similares americanos. A morte anticlimática do vilão corta a projeção e deixa o espectador frustrado. É uma correria dos diabos. E não leva a nada.