“Brasil, meu Brasil, brasileiro”, foram as primeiras palavras que saíram da caixa de som do show inaugural da carreira do rapper canadense Drake no Brasil.

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A importância que o Rock in Rio tem para a cena de shows brasileira somada à presença de Drake na noite desta sexta-feira no Palco Mundo é um acontecimento para a indústria musical do País. Isso porque ele consolida o que o Lollapalooza tinha começado com o convite a Kendrick Lamar na primeira metade do ano: o Brasil está pronto para receber as grandes estrelas do hip hop norte-americano.

“É a minha primeira vez no Brasil, então eu quero fazer a maior festa que vocês já viram”, diz em um momento para adesão completa do público.

“Como essa é minha primeira vez aqui, vocês se importam se eu levar isso lá para trás?”. Drake tocou Best I Ever Had, de 2009, pela primeira vez em seis anos.

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Drake é o único MC no palco e a verdade é que ele sabe fazer tudo que suas músicas sugerem: do flow direto até transformar uma rima em um refrão melódico – a mesma transitoriedade que fez o New York Times nomeá-lo como o artista pop mais importante do século 21. Uma canção como Mob Ties comprova todas essas habilidades. E a essa altura Drake tem cacife para contratar os melhores produtores do mundo.

Em Passionfruit, ele assume postura crooner do século 21, que num tipo de comunicação lembra momentos do pagode brasileiro. Aproxima-se do emo em Hold On Were Going Home. Uma chuva implacável surge em Controlla, talvez a música mais descartável do seu repertório.

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Numa postura cafajeste, Drake diz que esse é o melhor show da sua carreira. Minutos antes, porém, ele cantou uma música (MIA) em espanhol tentando homenagear o Brasil.

Quando ele pede para o público aplaudir Chris Brown, a reação é tímida e tem motivo: ao lado da reportagem, uma mulher explicava para o companheiro. “É que ele é um filho da p…!”

O público canta quando Drake pede e a sua reação é de genuína surpresa. Mas no Charts do Youtube, nos últimos 12 meses, o Brasil é o terceiro país no mundo que mais ouviu Drake (atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido). Então as pessoas estão acostumadas.

No fim, Drake reafirma que essa é a melhor plateia para a qual ele já tocou. “Sei que estamos em tempos complicados, mas eu quero que você olhe para a frente e quero que você saiba que vai ter o emprego que você está esperando”, disse. Ele mencionou os boatos de que cancelaria o show. E, no fim, prometeu: “Essa pode ser minha primeira vez, mas com certeza não será a última”.

Primeira noite

O primeiro dia do Rock in Rio 2019 começou cedo. Às 14h desta sexta-feira, 27, os portões da Cidade do Rock, na zona oeste do Rio, foram abertos. A primeira atração foi o grupo Nós do Morro, no Espaço Favela, que começou por volta das 14h50. Na sequência, às 15h30, começou a apresentação de Lellê & Blaya no palco Sunset e de A Banca 021 no palco supernova.

Ex-integrante do Dream Team do Passinho, a funkeira carioca Lellê aproveitou seu show, na abertura do palco Sunset do Rock in Rio 2019, na tarde desta sexta-feira (27), para homenagear vítimas da criminalidade no Rio. Ela pediu aplausos a Ágatha Félix, estudante de 8 anos morta por uma bala perdida no complexo do Alemão (zona norte do Rio), na última sexta-feira (20), e a Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada em março de 2018.

O goiano Alok abriu o Palco Mundo, se tornando o primeiro DJ brasileiro a tocar no espaço, estrutura principal do festival. Abusando dos drops de beat (em que o DJ faz uma espécie de contagem regressiva com a batida da música), o goiano misturou criações próprias, como o sucesso Hear Me Now e a canção Ocean, com remixagens simplificadas dos grandes hits de muita gente: Corona, Cranberries, David Guetta, Goodwill, Pink Floyd, Guns n’ Roses, Bon Jovi, Red Hot Chili Peppers, Talking Heads, New Order, Lil Nas X, Rihanna, Lil Pump e Kanye West, System of a Down, The White Stripes e Benny Benassi.

No palco Sunset, o rapper Mano Brown subiu pela primeira vez em um palco do Rock in Rio. Ele apresentou o show do disco Boogie Naipe, lançado em dezembro de 2016, com sua mistura única de soul e rap. O convidado do show foi o lendário baixista americano Bootsy Collins, referência do funk soul dos anos 1970.

De volta ao Palco Mundo, a cantora norte-americana Bebe Rexha entrou no clima de brasilidades. Após dançar com atitude ao som da guitarra e bateria com os sucessos Me Myself and I, I’m a Mess, e Monster, composição para Rihanna e Eminem, a cantora anunciou um No Broken Hearts feito para dançar. Quando os versos da rapper Nick Minaj começaram, Bebe convocou um par de passistas, chamando o carnaval para o espaço.

O crooner britânico Seal fechou a primeira noite do palco Sunset, em um dia em que músicos próximos da black music tiveram destaque. A cantora baiana Xênia França se junto ao britânico e seu trio para cantar Higher Ground, de Stevie Wonder, num dueto aplaudido, e depois acrescentar tons semi-psicodélicos a Future Love Paradise.

A cantora e compositora britânica Ellie Goulding faltou ao casamento de dois amigos para se apresentar no Palco Mundo do Rock in Rio 2019. Durante o show, na noite desta sexta-feira, 28, Ellie ligou para o casal e pediu desculpas pela ausência. Em seguida, cantou o single Love Me Like You Do, acompanhada pelo público.

O segundo dia do Rock in Rio tem entre os destaques as bandas Weezer e Tenacious D, que se apresentam no palco Mundo, e Ego Kill Talent e Whitesnake, no Sunset. Quem encerra o dia é o Foo Fighters, que se apresenta no palco principal às 0h10.