Em Gramado, no ano passado, Mariana Ximenes explicou que havia produzido Um Homem Só porque queria dar uma guinada na carreira, fazendo coisas diferentes. O júri oficial do Festival de Cinema Brasileiro avalizou o esforço da atriz outorgando-lhe o Kikito da categoria. Mariana é pouco mais que coadjuvante, e o protagonista absoluto é Vladimir Brichta, que faz dois papéis. Mais de um crítico aventou que o júri destacou Mariana por falta de opções. Não é verdade. Havia uma atriz excepcional, e protagonista absoluta – a Cíntia Rosa de O Fim e os Meios, de Murilo Salles. O júri optou. Escolheu Mariana.

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Um Homem Só assinala a estreia de Cláudia Jouvin na direção. Cláudia vem de experiência comprovada na TV, com A Grande Família e A Diarista. Além de diretora, é também roteirista.

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Exercita-se num território pouco frequentado do cinema nacional – a ficção científica. Na contramão das produções do gênero de Hollywood, o filme dela prescinde dos efeitos. Sua premissa é tanto futurista quanto filosófica. Um homem insatisfeito com a própria vida participa de um experimento de clonagem. Ganha um duplo. Ambos se dividem entre duas vidas, dois trabalhos, duas mulheres. Além de Mariana, o filme tem Ingrid Guimarães no elenco. Mas algo sai errado e, de cara, o protagonista havia sido advertido – a cópia, se der problemas para o cientista que realizou a operação ilegal, será eliminada.

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A questão, lá pelas tantas – qual, dos dois Vladimir, é a cópia? A situação, à qual não falta uma dose de absurdo, remete às viagens na mente humana do roteirista norte-americano Charlie Kaufman. Toda a ligação de Brichta com o amigo, e chefe – Otávio Müller -, poderia estar num filme de Kaufman. Müller, por sinal, poucas vezes esteve melhor – nem quando recebeu o Redentor, no Festival do Rio, por O Gorila, de José Eduardo Belmonte, que, vale lembrar, foi escrito por Cláudia Jouvin. O filme, de alguma forma, perde-se. Começa melhor que termina. E não deve ajudar na carreira no cinema o título parecido com outro filme recente estrelado por Brichta – Muitos Homens num Só, de Mini Kerti.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.