"Para mim, a vida acabou às duas horas da tarde de um dia qualquer de junho". Pode não ter sido exatamente em um dia de junho, mas, possivelmente, quase todo mundo, por inúmeras razões, já pensou em frase semelhante. Cunhada por Simone de Beauvoir, ela praticamente traduz o espírito em que se encontra a única personagem de A Mulher Desiludida, monólogo interpretado por Guida Vianna, dirigido por Gilberto Gawronski, e que tem apresentações nos dias 23, 25 e 26 de março (Teatro Paiol), dentro da Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba – Edição 2006.
A peça coloca no palco "Monólogo", um dos três textos que compõem a obra de Beauvoir que dá nome à montagem. Conjunto de palavras e idéias que mistura a tragédia a certos momentos engraçados/ irônicos que a acompanham, e que, num primeiro momento, não empolgou Guida.
Ligada ao Teatro Tablado, do Rio de Janeiro, desde 1971, ela quase sempre esteve ligada ao trabalho de grupo, mais próprio de uma geração que não precisava ter feições perfeitas e corpo fantástico para se desenvolver no meio teatral, desde que tivesse talento. "Resolvi ir além, buscar o desafio" , afirma. "Como estou mais velha, com a máscara facial mais carregada, acredito que posso andar na corda bamba em outros registros".
Em 70 minutos de encenação, a atriz vive Murielle, mulher de 46 anos, com dois filhos, e que está sozinha. Na noite de Ano Novo, enquanto a família festeja no andar de cima, ela se prepara para o encontro com o ex-marido no dia seguinte, para tentar ganhar a guarda do filho, perdida quando a filha adolescente cometeu suicídio. É quando mói e remói fatos, em busca de sentido e caminhos para a vida.
Serviço
Apresentações: 23,24 e 25 às 20h30 no Teatro Paiol
