Fôlego é o que não falta a Dora Vergueiro. Além de percorrer trilhas, praticar “rafting” ou fazer montanhismo no “Rolé”, do Sportv, ela ainda tem pique para outras atividades. Só que, mesmo depois de passar o dia inteiro gravando e viajando para fazer matérias para o canal por assinatura da Globosat, a apresentadora coloca uma roupa mais fashion, sobe ao palco e mostra sua faceta cantora em shows com sua banda. Semanalmente, ela solta a voz no Teatro da Lagoa, na Zona Sul do Rio, onde mescla músicas de seu CD independente “Pé na Estrada” com sucessos da MPB. “Misturamos reggae com um pouco de pop, mas tudo com uma musicalidade bem brasileira, que é a minha formação”, ressalta Dora, que também apresenta o “Zona de Impacto” no Sportv.
A formação musical, aliás, vem de berço. Desde pequena, a filha do cantor e compositor Carlinhos Vergueiro já respirava musicalidade. “Está na veia”, brinca. A naturalidade e a performance da apresentadora no show já explicam a influência. Dora tem uma boa presença de palco. Com um estilo performático, a cantora dança como uma havaiana, arrisca passos de forró e até mostra samba no pé. “Faço o que estou sentindo e não consigo ficar parada no palco. Eu me entrego para o público”, avisa.
A performance no palco se assemelha bastante ao desempenho na frente das câmaras. Nos programas do Sportv, ela passa a mesma disposição, descontração e espontaneidade dos palcos. Mas as semelhanças entre a Dora apresentadora e a Dora cantora não param por aí. Antes e durante o show, a ansiedade e a adrenalina parecem ser as mesmas de uma gravação. Tanto que a cantora bebe litros d’água e evita falar ao máximo para não correr o risco de perder a voz. “Fico histérica e aflita antes de cada apresentação. É como se estivesse me preparando para saltar de bungee-jump”, exagera. Na hora do show, no entanto, a aflição é logo “diluída”. “Antes é o desespero. Depois, a gente mexe com a emoção e se atira”, tenta explicar.
No espetáculo, Dora canta músicas de sua autoria como “Pé na Estrada”, que dá nome ao seu disco, e de outros compositores da MPB. No repertório, Dora reuniu canções de Rita Lee, como “Mãe Natureza”, “Com a Boca no Mundo” e “Saúde”, de Lulu Santos, como “O Último Romântico”, e de Gilberto Gil, como “Vamos Fugir”. “Essa sempre levanta o pessoal”, garante, entusiasmada. Logicamente, há ainda a canção “Mar Aberto”, do pai Carlinhos Vergueiro. Além disso, Dora costuma interpretar músicas de artistas pouco conhecidos, como Nestor Capoeira, cuja “Vagabundo Confesso” não pode faltar no repertório da cantora.
No arranjo das músicas, a banda formada pelos guitarristas Pedro Lewin Reis e Thiago Trajano, pelo baixista João Faria e pelo baterista Ricardo Siri sempre procura flertar com outros ritmos, como baião e forró. Em outras, tamborins podem ser sacados pelos integrantes para dar um desfecho de samba ao show, com Dora levando o ritmo “no pé”. “Tenho muita influência do samba, pois meu pai também é um sambista. É o ritmo que mais me emociona”, diz. Ao mesmo tempo, músicos diferentes são convidados para darem uma “canja” nos shows. Ivo Meireles, Baia, Mu Chebabi e Luís Carlinhos, do grupo Dread Lion, são presenças certas.
Além dos shows semanais no Rio, Dora Vergueiro costuma se apresentar em outras cidades como Belo Horizonte, Florianópolis e São Paulo. E a cantora já pensa em lançar um outro CD independente. Animada com as 20 mil cópias vendidas do “Pé na Estrada” – um número bom para um disco independente -, a apresentadora até pensa em uma estratégia que muitos cantores vêm adotando para vender mais: colocar o CD à venda em bancas de jornais. Enquanto o novo álbum não sai, Dora vai conciliando a carreira de cantora e apresentadora. Algumas vezes com dificuldade. Num dia de show, por exemplo, Dora saiu às seis da manhã da Ilha do Mel, no Paraná, onde gravava matéria para o “Rolé”. Enfrentou uma trilha com jipe, pegou uma balsa e dois aviões para, enfim, chegar ao Rio às três da tarde e passar o som às quatro. “É uma correria, mas sempre vale a pena”, garante.