Bem-sucedidos na arte de contar uma história em duas horas, os roteiristas Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho experimentam a condição de estreantes no ofício, graças às vantagens que só a narrativa seriada na TV propicia. Primeiro trabalho do gênero assinado pelos dois, A Teia estreia no próximo dia 28, na Globo, dando-lhes a inédita chance de apresentar seus personagens em 10 episódios e arrastar, por 10 semanas, o seu enredo policial na imaginação de plateia tão ou mais numerosa que as bilheterias de filmes como Cidade de Deus ou Tropa de Elite, roteirizados por ele, ou 2 Filhos de Francisco e Flores Raras, no currículo dela.
A redação da trama teve quatro colaboradores: Lucas Paraízo, André Sirângelo, Stefanie de Gress e Fernando Garrido. Com direção-geral de Rogério Gomes, o Papinha, A Teia traz João Miguel no papel de um delegado da Polícia Federal e Paulo Vilhena como chefe de uma quadrilha que no primeiro capítulo realiza um assalto a um carregamento de barras de ouro no Aeroporto de Brasília.
O caso aconteceu de fato, em 2002. Embora a série seja fictícia, vários episódios foram alinhavados a partir de histórias reais. “A gente vai inventando tanto, que perde a referência da realidade, mas a série se passa nos dias de hoje”, ele conta.
O ponto de partida foi uma pesquisa feita por Carol desde 2007 com Antonio Celso dos Santos, policial federal hoje aposentado, que acabou se tornando consultor da série. “Eu o conheci por causa do assalto ao Banco Central, em Fortaleza, e, conversando com ele, vieram outras histórias até mais cinematográficas”, ela fala. “A gente inventa muita coisa e pergunta a ele: ‘Celso, estamos pensando em fazer isso e aquilo, é possível?’ Aí ele diz, por exemplo: ‘Ah, eu nunca vi acontecer, mas vi algo parecido’. Então juntamos uma coisa na outra e vai ficando melhor”, conta Mantovani. Muitas vezes, a história é boa, mas falta um clímax ou um arco dramático, o que faz a imaginação do autor fervilhar.
Segundo os autores, a série tem bastante ação e demandou longo prazo para cumprir gravações em quatro Estados, entre Brasília, Curitiba, Cuiabá, Chapada dos Guimarães e Fortaleza. Não há cenas de estúdio, um luxo no que diz respeito à indústria televisiva. “Ficamos muito impressionados com o resultado”, diz Carol.