A trajetória de Totia Meireles na tevê é um tanto curiosa. Apesar de ter estreado em Que Rei Sou Eu?, de 1989, a carreira da atriz é marcada por papéis em que ela apenas interpretava a melhor amiga das personagens principais. Somente em América, de 2005, é que Totia passou a encabeçar um núcleo próprio. Não por acaso, a atriz tem motivos de sobra para comemorar o atual momento profissional. Afinal, na ?pele? da Silvana, de Cobras & Lagartos, ela mais uma vez é ?dona? de um dos núcleos principais da trama de João Emanuel Carreira. ?Todo ator quer ter sua história própria. Por isso, acho que de dois anos para cá tive um grande upgrade??, orgulha-se.
P – Apesar de mais de 15 anos de tevê, somente em América e agora em Cobras & Lagartos é que você passou a ter um núcleo próprio em novelas. Chegou a ficar incomodada com isso?
R – Gostaria que tivesse acontecido antes, porque acho que demorou mesmo. Mas tudo bem, faz parte da vida. Acredito até que a minha carreira finalmente deu um verdadeiro upgrade. Deixei de ser apenas a amiga das protagonistas. Em América, a Glória Perez resolveu me dar uma família, com direito a casa e até escritório. Passei a ter minha história. Em Cobras & Lagartos, a Silvana tem uma loja, uma casa e ainda aparece na Lagartos Voadores. Ou seja: tenho três cenários agora. É sempre bom ter sua própria história. Todo ator quer isso e não viver a história dos outros.
P – Ter um núcleo próprio, por sinal, acarreta maior repercussão. Se incomoda com o assédio do público?
R – De forma alguma. A repercussão é uma coisa ótima. Aliás, fazer parte de uma família como a da Silvana, que não é das mais normais, já que o Orã, personagem de Luís Melo, gosta de se vestir de mulher, dá uma boa repercussão. Além disso, teve a história com o Pereira, vivido pelo Francisco Cuoco, que o público gostou muito. As pessoas que me abordam até falam que eu deveria terminar com o Pereira, mas isso só o João Emanuel Carneiro pode fazer. Ter esse contato com os telespectadores é maravilhoso.
P – Você estudou e se formou em Educação Física. Além disso, deu aulas de balé. Quando surgiu interesse em seguir a carreira de atriz?
R – Nunca imaginei que me tornaria atriz. As coisas aconteceram por acaso. Durante toda a minha vida fiz balé e, como estavam selecionando bailarinas para o musical Chorus Line, resolvi me inscrever no teste. A produção precisava de bailarinos e não atores que sabiam dançar. Fiz o teste e passei. Foi nesse espetáculo que comecei a ter fala e a cantar no palco e não parei mais de trabalhar em teatro. Aliás, nunca achei que cantava bem, mas descobri que era até afinada e passei a participar de vários musicais.
P – Na minissérie O Fantasma da Ópera, da extinta Manchete, por sinal, você fez uma cantora. Como foi a experiência de cantar na tevê?
R – Era o máximo. A Vera Gonzaga era uma cantora de boate e, por isso, ela cantava de tudo um pouco, desde os clássicos aos mais recentes sucessos. Foi uma experiência muito boa, interessante de se fazer, além do mais por eu mesma ser a responsável pela escolha do repertório da personagem. Adorava incluir aquelas músicas de fossa, de dor-de-cotovelo.
P – Durante quase dois anos você também esteve na Escolhinha do Professor Raimundo, como a Tereza Mercantil. Gostaria de fazer mais comédia na tevê?
R – Adoro fazer comédia, mas não é uma coisa que eu realmente queira para a minha carreira. Fiz participações em A Diarista e em A Grande Família, que foram ótimas. Comédia é sempre divertido de se fazer, mas não tenho preferências. Gosto das boas personagens. Não tenho nem essa coisa de querer fazer uma vilã ou uma mocinha. Mocinha deve ser muito chato de se fazer, pois sofre muito. Já imaginou passar uma novela inteira chorando?
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