Reconhecidamente um dos maiores prosadores de sua geração, contista soberbo, já premiado com o Jabuti [um dos prêmios mais importantes da literatura brasileira] com um livro ?O Homem Vermelho?, Pellegrini está presente nas principais e mais importantes antologias de narrativas curtas já editadas no país. Depois repetiu a dose no Jabuti com um romance ?O Caso da Chácara do Chão?, mas ainda não ousara editar um volume de poemas.
Enquanto publicava versos esparsos em suplementos literários ou em obras coletivas, o escritor paranaense foi juntando engenho e arte e se guardando para o momento certo. O momento de Domingos chegou em grande estilo com a publicação pela Bertrand Brasil do pungente ?Gaiola Aberta?, em que reúne boa parte da obra poética criada entre 1964 e 2004.
Com um domínio absoluto do tempo e da atmosfera delicada do fazer poético, o autor trata a poesia com carinho e enorme cuidado, razões pelas quais é abençoado com imagens duras e comoventes como as que transmite em versos como este: "Olhar sem brilho e gesto sem leveza / tarde saudosa dos dias felizes/ noite de acessos, tosses e crises/ um dia a menos, única certeza", do triste e agudo poema Morte de Mãe.
Diferencial
Domingos Pellegrini tem o poder de um menino ? o de sonhar ? e o poder de um escritor ? o de fazer o leitor sonhar, como comprova no livro ?Meninos no Poder?. Esse poder das palavras é de quem não quer sonhar sozinho, pois há sonhos que precisam ser sonhados na coletividade.
A obra esmiúça o delicado processo de uma campanha eleitoral e faz com que o leitor esmiúce dentro de si mesmo a vontade de pensar a política. Não essa que o povo está cansado de ver com nepotismos, corrupção, jogos de interesse e toma-lá-dá-cá, mas a política de fazer o certo, o que é preciso fazer. Pellegrini seduz o leitor com o sonhador e com o menino que há dentro de cada um de nós.
São sonetos ? esclarece o autor ? escritos ao longo de 40 anos, mas nem por serem sonetos, nem por terem sido escritos durante tanto tempo são coisa antiga. ?Tenho a pretensão de renovar essa forma fixa tematicamente. Há sonetos sobre celular, consultoria, maiôs, Che Guevara, secretária eletrônica, aeroporto, rodoviária, cinema, Revolução Farroupilha, café, poluição sonora, camping, psicanálise?, explica Pellegrini.
O escritor também começa a publicar poesia aos 57 anos porque, segundo ele, ?é brincadeira da terceira idade – antes de chegar à quarta – pois acredita que são quatro idades: a infância, a juventude, a maturidade e a quarta idade?, conta. ?Sempre escrevi poemas, mas não publiquei por falta de tempo para revisar e também por falta de editoras interessadas, até porque eu não as procurava?, complementa.
Perfil
Domingos Pellegrini nasceu em Londrina, cidade em que vive até hoje, cuidando de uma chácara, de sua literatura e escrevendo para jornais. Jornalista e publicitário de formação publicou em 1977 seu primeiro volume de contos, exatamente o premiado ?O Homem Vermelho?.
Escreveu também romances e vários livros infanto-juvenis, somando um montante de mais ou menos 30 livros.