15 de julho. Levantei muito cedo, fui até o supermercado comprar pão para o café e já me irritei. Pô. Mas desde cedo esta gente não dá trégua? Ultimamente respondo, agressiva: Vá trabalhar! Não tem vergonha de pedir pra uma velha?
A situação está insustentável.
Tomei meu café e resolvi sair a fim de arejar. Ao me aproximar do prédio da reitoria, na XV, vi muitos ônibus de turismo, ali estacionados. Aproximei-me de um grupo de moças e fiquei sabendo que eram de Uberlândia. Também conversei com um grupo que veio de Goiânia. Fui informada de que estava começando um congresso dos estudantes do curso de Letras. Terá a duração de uma semana.
Um moço de nome Felipe me falou que era de Araraquara. ?Fica no Estado de São Paulo. Sabe??
Então pensei que aquelas meninas mineiras, com tantas trocas de informações, vão aprender quem é O Vampiro de Curitiba.
Já era hora de voltar para casa, mas antes resolvi dar uma passada no supermercado, apenas para comprar pão para o café da manhã, de segunda-feira. Encontrei uns pacotes com uns pãezinhos esquisitos. Um papel explicava, para os desavisados, que era pão d?água… Mostrei os tais pães para o senhor Waldomiro, que se irritou. ?Essa gente não sabe mais fazer uma massa gostosa. Isso não é, nem nunca foi pãozinho d?água.?
Dias depois lembrei que lá pelos anos 1930, eu menina, escutei um velho judeu contar que o fermento para o pão, em sua cidadezinha natal, na Europa, era preparado de acordo com a temperatura ambiente.
Margarita Wasserman é escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.