Em 1996, enquanto gravava o álbum “Pop”, Bono confessou ao jornalista Bert Van de Kamp: “É incrível. Todas as vezes que temos de gravar um novo disco, quase começamos tudo de novo. Isso começou em Unforgettable Fire e nunca mais parou. Para nos mantermos sempre interessados no nosso trabalho, entramos no estúdio sem saber exatamente o que virá pela frente.”
O relançamento de “Unforgettable Fire” e “The Joshua Tree” em versão dupla e remasterizada, com comentários, versões ao vivo, lados B e todas as letras, é o recorte da fase em que o U2 se transformou na maior banda do mundo.
Em 1984, o grupo já gozava de prestígio internacional. Seu álbum “War”, com os hinos rebeldes “New Year’s Day” e “Sunday Bloody Sunday”, os havia levado a turnês pela Europa e Estados Unidos.
Mesmo assim, a banda formada por Bono (vocal), The Edge (guitarra), Adam Clayton (baixo) e Larry Mullen Jr. (bateria) decidiu deixar o passado para trás e recomeçar com produtores e temática diferente no próximo lançamento.
As músicas de “Unforgettable Fire”, lançado em 1º de outubro de 1984, teriam de fazer o ouvinte visualizar paisagens e texturas imaginárias. Para isso foram chamados Brian Eno e Daniel Lanois, produtores acostumados ao experimentalismo que o U2 buscava.
O álbum pegou de surpresa os fãs e a crítica especializada – mesclava canções etéreas e melancólicas como “A Sort of Homecoming” e “MLK” com hits instantâneos como “Bad” e “Pride” (In the Name of Love), esta última uma homenagem ao reverendo Martin Luther King. “Unforgettable Fire” seria o primeiro passo do grupo para a dominação mundial que viria com o próximo álbum, “The Joshua Tree” (lançado em 9 de março de 1987).
Repetindo os mesmos produtores, “The Joshua Tree” levou o grupo ao topo, junto a bandas como Beatles, Rolling Stones e Led Zeppelin. Vinte milhões de cópias, capa da revista Time e o Grammy de melhor álbum do ano foram alguns das conquistas do disco.