Uma obra-prima em cópia restaurada, São Bernardo, de Leon Hirszman, dá início na noite desta terça-feira (18) à 41ª edição do Festival de Brasília, o mais antigo e tradicional do País. Não deixa de ser uma curiosa ironia. Um dos maiores filmes de ficção do cinema brasileiro moderno dá início a uma mostra em que predominam largamente os documentários.
Dos seis longas-metragens concorrentes, quatro são de gênero documental, apenas um, Siri-Ará, do cearense Rosemberg Cariry, é puramente ficcional. FilmeFobia, de Kiko Goifman, encontra-se na fronteira entre os gêneros e presta-se, talvez, a questionar essa divisão. Os outros quatro – À Margem do Lixo, de Evaldo Mocarzel, Ñande Guarani, de André Luís da Cunha, O Milagre de Santa Luzia, de Sergio Roizenblit, e Tudo Isso me Parece um Sonho, de Geraldo Sarno, são documentários.
É verdade que o gênero documental tem crescido de maneira extraordinária no Brasil, impulsionado em especial pelas novas tecnologias. Mas há outro fator que pode ajudar a entender a carência de filmes de ficção em Brasília: a posição no calendário. Brasília é o último dos grandes festivais do ano e os longas de ficção já teriam sido “gastos” em eventos precedentes, como a Première Brasil, no Rio, e nos recém-criados festivais de Paulínia e Curitiba.
Há anos Brasília se caracteriza por distribuir bons prêmios em dinheiro (este ano os contemplados levarão um total de R$ 505 mil). Acontece que outros festivais também passaram a premiar com valores altos seus concorrentes. Como Brasília tem por política não repetir títulos que já concorreram em outros festivais, pode ter ficado desprovida de um universo maior de candidatos este ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Confira a relação das produções em competição:
Longas
À Margem do Lixo, de Evaldo Mocarzel (SP);
FilmeFobia, de Kiko Goifman (SP);
Ñande Guarani (Nós Guarani), de André Luiz da Cunha (DF);
O Milagre de Santa Luiza, de Sergio Roizenblit (SP);
Siri-Ará, de Rosemberg Cariry (CE);
Tudo Isso me Parece um Sonho, de Geraldo Sarno (RJ).
Curtas 35MM
A Arquitetura do corpo, de Marcos Pimentel, 21 min (MG);
A Minha Maneira de Estar Sozinho, de Gustavo Galvão, 15 min (DF);
A Mulher Biônica, de Armando Praça, 19 min (CE);
Ana Beatriz, de Clarissa Cardoso, 9 min (DF);
Brasília (Título Provisório), de J. Procópio, 15 min (DF);
Cães, de Adler Paz e Moacyr Gramacho, 16 min (BA);
Cidade Vazia, de Cássio Pereira dos Santos, 13 min (DF);
Minami em Close-Up, de Thiago Mendonça, 18,50 min (SP);
Na Madrugada, de Duda Gorter, 21 min (RJ);
N.º 27, de Marcelo Lordello, 19 min (PE);
Que Cavação É Essa?, de Estevão Garcia e Luís Rocha Melo, 19 min (RJ);
Superbarroco, de Renata Pinheiro, 16 min (PE).