Aos 13 anos, durante uma brincadeira com estilingue, uma semente de mamona acertou o olho esquerdo de Antônio Tenório da Silva. O acidente fez com que o garoto perdesse a visão esquerda. Mas o que já era triste ficou ainda pior. Seis anos depois, uma infecção afetou o olho direito do rapaz, então aos 19 anos, e acabou por cegá-lo de vez. A tragédia acabaria por dar origem a uma comovente história de superação. Nascido em São Bernardo do Campo, Antônio Tenório seguiu os conselhos do pai, foi lutar por sua independência e se tornou judoca profissional. Hoje, ele é um dos atletas deficientes mais respeitados do mundo e três vezes vencedor da medalha de ouro em Paraolimpíadas.

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Essa fascinante história é contada no documentário “B1 – Tenório em Pequim”, produção nacional que estreia hoje, mostrando a trajetória de Tenório, dos treinos até chegar à final dos Jogos Paraolímpicos de Pequim, na China, em 2008. O nome do filme faz referência à categoria do esporte em que competem os atletas completamente cegos, como Tenório: a B1 – na B2, disputam os que têm percepção de vultos, e na B3, quem vê com alguma definição de imagem. O atleta cego é identificado com um círculo vermelho em cada ombro do quimono.

Com direção de Eduardo Hunter Moura e Felipe Braga, o documentário parte de uma viagem de treinamento de Antônio Tenório para a França. Lá, o filme apresenta um pouco da história da sua família, a rotina dos treinos e o relacionamento com os colegas. Um dos pontos altos é a relação de Tenório com um judoca mais novo, que segue os conselhos do amigo para melhorar seu desempenho.

O paulista é um dos poucos do mundo a competir tanto em Paraolimpíadas quanto em campeonatos regulares, onde costuma ser o único deficiente visual, como no Campeonato Paulista Master de 2008, do qual foi campeão, mesmo competindo com judocas sem problemas na vista. Tenório ganhou a medalha de ouro nas Paraolimpíadas de Atlanta, em 1996, Sydney, em 2000 e Atenas, em 2004. Ao longo dos 99 minutos do filme, motivação e suor dão força ao campeão. Para quem acompanha o esporte, o final é óbvio – mas nem por isso menos emocionante. Para aqueles que não entendem muito de judô, a última luta, contra Karim Sardarov, do Azerbaijão, é surpreendente e comovente. As informações são do Jornal da Tarde.

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