Documentário registra viagem de João Donato a Cuba

Na década de 50, quando o então jovem João Donato, pianista, compositor, arranjador e cantor acreano, resolveu morar nos Estados Unidos, ele tinha um objetivo em mente: ir em busca do jazz. E qual não foi sua surpresa quando lá chegou e encontrou, sim, músicos de jazz, só que tocando em orquestras latinas. Não demorou muito para que ele próprio caísse naquele redemoinho caribenho, dançante e criativo. Viu-se influenciado não só pela sonoridade, mas também pelo jeito latino de tocar. Sobretudo dos cubanos, como o pianista, compositor e arranjador Bebo Valdés, uma das principais referências de Donato. Depois, viu-se transferindo essas influências para a própria obra.

“Foi um aprendizado grande. Eu já gostava desse tipo de música antes de sair do País. Mas me aprofundei nela nos Estados Unidos. E isso faz parte da minha música até hoje”, diz Donato, hoje com 76 anos – que morou em solo americano, entre Los Angeles e Nova York, durante 12 anos, até a década de 60. O músico lembra que, no início, não sabia tocar o estilo latino, mas viam nele potencial para fazê-lo. “Me davam conselhos, discos das grandes orquestras para ouvir. Eu praticava o tempo todo”, completou.

Ciente dessa relação afetiva com a música latina – e, por extensão, com a música cubana -, a cineasta Tetê Moraes quis acompanhar o pianista em sua viagem para Havana, em Cuba, onde participaria do 24º Festival Internacional Jazz Plaza, em 2008. A intenção dela era registrar a visita do músico à ilha, já pensando em utilizar aquele material num documentário, que já foi exibido em festivais e está sendo lançado agora, sob o título “Nasci Para Bailar” (inspirado na canção homônima de Donato e Paulo André).

Foi a segunda vez de Donato em Cuba. Mas valeu como se fosse a primeira. “Eu tinha ido para lá em 2004, para gravar um disco com o Sexto Sentido”, diz ele, referindo-se ao álbum “Bossa Cubana”, no qual fez participação, ao lado do quarteto vocal cubano, formado só por mulheres. “Naquele momento, não tive muito tempo disponível para sair pela cidade. Desta segunda vez, fiquei lá, mais ou menos, dez dias”. Foi tempo suficiente para desbravar a agitada Havana, visitar amigos cubanos, como Chucho Valdés (filho de Bebo Valdés e, como ele, pianista, compositor e arranjador), tocar no festival. E, claro, fazer intercâmbio com os músicos locais.

Diante da câmera de Tetê, João Donato – com seu tradicional figurino despojado e boné – mostra-se confortável quando assume seu piano, sozinho ou ao lado dos companheiros cubanos. Mais do que confortável, está feliz. Além das jam sessions, “Nasci Para Bailar” é pontuado por depoimentos de Donato sobre essa influência latina em sua música. Essa conexão Cuba-Brasil teve continuidade depois, no Rio de Janeiro, onde os músicos cubanos aterrissaram para participar do aniversário do pianista brasileiro. Após quase duas semanas na ilha, João Donato pode até ter saído de Cuba. Mas Cuba nunca sairá de João Donato. As informações são do Jornal da Tarde.

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