A morte de Tancredo Neves em 21 de abril de 1985, antes dele assumir como o primeiro presidente civil depois de mais de 20 anos de ditadura militar, é um dos maiores traumas da história recente brasileira. A trajetória desse mineiro, avô do senador Aécio Neves (PSDB-MG), está retratada no documentário “Tancredo – A Travessia”, do diretor Silvio Tendler.
O documentário abre justamente com o anúncio da morte de Tancredo e de imagens do povo chocado nas ruas do Brasil. Em seguida, o diretor volta à década de 40, quando o político era Ministro da Fazenda de Getúlio Vargas. “Foi nessa época que Tancredo deixou de ser uma figura local para ganhar expressão nacional. Getúlio explica o Tancredo”, diz o diretor.
A partir daí, Tendler esmiúça por 1h40 a vida de Tancredo. Para isso, o diretor entrevista figuras que o acompanharam, como os políticos Jarbas Vasconcelos, Fernando Lira, Almino Afonso, e a personalidade mais afetada pela morte do mineiro: o atual presidente do Senado e então vice de Tancredo, José Sarney, que acabou assumindo a Presidência do Brasil. Uma das ausências mais sentidas é do ex-presidente Lula. “Educadamente ele declinou do convite”, afirma Tendler.
A morte de Tancredo é uma daquelas incógnitas que sempre irá motivar acaloradas discussões do tipo “será que o Brasil estaria melhor hoje se ele não tivesse morrido?”. Essa resposta não é dada. Outra questão, no entanto, é explicada em detalhes: a demora para anunciar a morte do presidente. Houve uma sucessão de erros médicos e foi criada uma farsa política para garantir que Sarney fosse o novo presidente e o Brasil não ficasse sem governo, o que daria espaço aos militares para se manterem no poder. “Tancredo foi essencial para evitar que o País entrasse em guerras civis e na redemocratização após a ditadura militar”, garante o diretor. As informações são do Jornal da Tarde.