Documentário “Budrus”, de Julia Bacha, em DVD

A cineasta brasileira Julia Bacha apresenta hoje, em São Paulo, o premiado “Budrus”, em evento do Instituto de Cultura Árabe que marca o lançamento do documentário em DVD no Brasil. O filme, de 80 minutos, vencedor de mais de 15 prêmios internacionais, dá visibilidade ao movimento pacífico de um pequeno vilarejo entre a Cisjordânia e Israel contra a construção de um muro polêmico que separa palestinos e israelenses. Movimento este que uniu judeus e árabes muçulmanos, um exemplo singelo de que a paz é possível.

“Budrus” ficou com um honroso segundo lugar na preferência do público no prestigiado Festival de Berlim, no ano passado. Na estreia americana, no Festival de Tribeca, em Nova York, foi ovacionado por cinco minutos, ganhou menção especial e fãs como o documentarista Michael Moore e o ator Robert De Niro. Foi para os cinemas dos EUA, Grã Bretanha e Austrália, e agora chega ao Brasil em DVD. “Acredito no cinema como ferramenta para transformar a realidade”, diz Julia, que atualmente vive entre Nova York e Jerusalém. A diretora trabalha para a Just Visions, organização de apoio a projetos pacíficos de árabes muçulmanos e judeus israelenses que trabalham juntos pelo fim da ocupação dos territórios palestinos e dos conflitos na região.

“A mídia dá muito espaço para a violência, quando é o movimento civil e desarmado que está promovendo a grande revolução pela paz no Oriente Médio”, acredita a cineasta brasileira. “Eu já presenciei muitos momentos importantes, como a morte de Arafat (Yasser Arafat, o líder da Autoridade Palestina, morto em novembro de 2004), em que se acreditava que haveria mudanças e nada aconteceu. É claro que as decisões políticas – como o recente acordo de troca de prisioneiros entre Israel e o Hamas (grupo islâmico que controla Gaza) e o pedido de criação do Estado palestino na ONU – são importantes, mas as mudanças estão mesmo vindo das populações de ambos os lados, que estão se organizando e dando visibilidade à luta pacífica como em Budrus.”

O cinema engajado de Julia cumpriu seu objetivo, dando notoriedade ao vilarejo de Budrus e ao líder do movimento, Ayed Morrar, hoje à frente da organização The Olives Revolution, que luta sem armas contra a expansão dos assentamentos judaicos em território palestino. “Morrar lançou e conseguiu juntar grupos de resistência pacífica de norte a sul de Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza”, diz. “Muitos querem se envolver, mas não sabem como fazer isso de forma construtiva. Quando conhecem a história de palestinos e israelenses unidos pela paz, encontram o caminho. Então, o filme tem gerado um engajamento muito grande.”

Julia apresenta ainda ao Brasil seu novo projeto, “Home Front”. São quatro curtas de oito minutos, que mostram um novo olhar de palestinos e israelenses sobre Sheikh Jarrah, assentamento judaico no leste de Jerusalém e palco de conflitos. Os curtas já estão disponíveis no site da Just Vision (www.justvision.org) e, em 2012, chegam à TV como filme. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Budrus – Instituto Cervantes (Avenida Paulista, 2.439). Hoje, às 14 h. Grátis; PUC-SP (Rua Monte Alegre, 936). Hoje, às 19 h. Grátis.

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