Do ar ao anima

"No princípio, tomou Deus em suas calejadas mãos de Artesão o barro da terra, e fez dele sua imagem e semelhança. Aproximou seus lábios do pó e, no amoroso beijo que engravidou de História o Tempo, soprou em suas narinas o fôlego da vida. E este sopro é seu Espírito, o vento que nos anima, Inspiração & Imago Dei".

Partindo da poética bíblica da criação, "do ar ao ânima" constrói um mosaico sonoro sobre a própria gênese da criação musical do compositor. O concerto é constituído de diversas obras para formações diferentes, mas que possuem relações temáticas e musicais entre si.  Inicia, à maneira de um prelúdio, com uma peça orquestral intitulada "… e o espírito de Deus pairava sobre a face das água", que será executada pela Orquestra da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, regida pelo próprio compositor. 

O corpo do concerto que se segue é formado por um conjunto de três árias, intitulado "do ar, teci três árias", para soprano e grupo de câmara (interpretados pela soprano Luciana Elisa Hoerner com a Nova Camerata, também sob regência de Márcio Steuernagel), pela peça para flauta solo "Inspirati", interpretada por Valentina Daldegan, e a peça para piano "e os Sinos de Vento, seus Profetas", que será tocada pelo próprio compositor. 

Estas três obras, contudo, não são apenas apresentadas seqüencialmente, mas sim divididas em quadros que se alternam, entremeados de recitativos, improvisação de shakuhachi (flauta japonesa de bambu), elementos cênicos e silêncios, gerando uma estrutura que lembra um oratório, ou as missas medievais de Perotin e Leonin, semelhantes a mosaicos sacros. "do ar ao ânima" encerra-se com um epílogo eletroacústico composto por Vinícius Giusti, sobre elementos musicais do próprio concerto, intitulado "entre um e outro".
 
O fio condutor em torno do qual orientam-se as músicas é a idéia da inspiração como um ato físico e artístico, que remonta à imagem do gênesis: um Deus criador que inspira no homem o fôlego da vida, e nele incute sua imagem e semelhança. E por ser imagem de Deus, a criatura torna-se também capaz e desejosa de criar artisticamente, assim como o próprio Criador o fizera. Assim, encontra-se presente na imagem da respiração o fôlego da vida, o vento, e o próprio Espírito.
 
Márcio Steuernagel é compositor, regente e pianista, formando do curso de Composição e Regência da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Em Janeiro de 2005, foi vencedor do Primeiro Concurso Nacional de Composição "Michel Debost", com a peça "As a flower and its butterfly : Symbiosis", para flauta e piano. É membro do Ensemble EntreCompositores, grupo de música contemporânea paranaense, exercendo intensa atividade musical junto ao grupo, tendo apresentado na Oficina de Música de Curitiba e no Festival de Teatro de Curitiba. Ao longo dos últimos anos, vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa e criação no campo da música sacra contemporânea.
 
Serviço
"Do ar ao ânima" ? Concerto Sacro Contemporâneo de Márcio Steuernagel
Apresentação única
Dia 2 de Dezembro, às 21h, no Guairinha (Auditório Salvador de Ferrante).
Com Márcio Steuernagel (composição, regência e direção musical), Orquestra de Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Nova Camerata da Universidade Federal do Paraná, Luciana Elisa Hoerner (soprano), Valentina Daldegan  (flauta) e Marcell Steuernagel (flauta shakuhachi e kati). Direção Cênica de Marcos Davi, iluminação de Nadja Naira, eleotracústica de Vinícius Giusti. Produção : Michelle Siqueira.
Entrada Franca.

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