Com quase 15 anos de experiência no mercado e seis discos lançados, o DJ francês David Guetta se viu numa crise pessoal. “Preparava o meu sétimo disco e estava ficando mais difícil lançar algo novo e original”, lembra, ao falar com o jornal “O Estado de S. Paulo”, por telefone, direto de Paris. “Levei quatro anos, mas finalmente me senti inspirado, só queria me divertir e fazer um disco diferente.”
O novo trabalho surgiu com o simples título 7. O disco, na verdade, é duplo. A primeira metade, mais pop, conta com a presença de grandes artistas internacionais, como Sia, Justin Bieber e Nicki Minaj. A outra metade é mais experimental, um projeto encabeçado por ele com o selo Jack Back Records. “Foi divertido fazer um disco sem a pressão por hits de rádio, apenas para fazer as pessoas dançarem”, diz. “Acredito que no álbum junto um pouco de dois mundos.”
Apesar do disco cheio de grandes estrelas, Guetta afirma que uma das melhores partes do novo projeto foi poder trabalhar com artistas menos conhecidos, como a cantora Ava Max. “Sempre quero descobrir novas pessoas. Para mim, o que importa é trabalhar com artistas bons, sejam famosos ou não.”
Ele admite, no entanto, que talentos já bem estabelecidos como Sia, com quem gravou um dos seus maiores sucessos até hoje, Titanium, acrescentam ao seu trabalho. “Posso até fazer músicas boas, mas esses artistas levam para um outro nível. Sia, por exemplo, não é apenas uma das melhores cantoras, mas também uma das melhores compositoras do mundo.”
Visionário
Se hoje o grande público sabe o nome dos DJs e eles são incluídos, quando fazem parcerias, nos créditos das músicas de outros artistas, David Guetta tem uma importância fundamental nisso. “Tem sido uma grande luta, provavelmente a luta da minha vida”, afirma Guetta. “As pessoas agora têm respeitado e entendido o que os DJs e produtores fazem.”
Nem sempre, no entanto, foi assim. “Quando eu comecei, as pessoas não entendiam o porquê de eu querer colocar meu nome nas músicas, se eu não cantava”, lembra o DJ. “Fico orgulhoso de ter sido parte dessa luta. Não sei o que o futuro reserva para a música eletrônica, mas sei que hoje é um estilo tão grande quanto o pop, rock ou hip-hop.”
Por música eletrônica, ele abrange o gênero como um todo, abrigando todas as derivações embaixo do chapéu. “Você pode chamar seu estilo de dance music, techno, EDM, mas para mim não importa, tudo faz parte de um mesmo estilo, feito para as pessoas dançarem. Nós somos especialistas em fazer as pessoas dançarem”, acredita.
É por isso, na opinião de Guetta, que o gênero e o seu próprio trabalho se tornaram tão populares em todo o mundo e o que explica, também, o fato de ele buscar parcerias com artistas de vários lugares, como o colombiano J Balvin, que canta em seu novo álbum. “Sempre quis unir as pessoas por meio da música. Algumas pessoas na comunidade só querem tocar um estilo, mas eu quero compartilhar os ritmos e juntar todo mundo.”
Apesar de acreditar na potência da música eletrônica como um todo, David Guetta aposta que uma vertente antiga deve voltar com força total, a house music. “É por isso que comecei o projeto com o Jack Back.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.