São Paulo – Nomeado em 2002 para a diretoria da Agência Nacional de Cinema (Ancine), com mandato de três anos, o cineasta e produtor Augusto Sevá teve um projeto cinematográfico encaminhado para o Tribunal de Contas da União (TCU), por determinação do Ministério da Cultura. O filme de Sevá, um longa-metragem Estórias de Trancoso, está sob tomada de contas especial no TCU desde abril, e a justificativa do MinC é “aplicação irregular de recursos”.
O valor sob análise do TCU é R$ 532.653,00. Os relatores do processo são os ministros Lincoln Magalhães da Rocha e Humberto Guimarães Souto. O produtor-executivo do filme, Mário Loschiavo, disse que ele está “pronto, filmado, na lata”, mas falta dinheiro para a montagem e o lançamento.
Estórias de Trancoso foi premiado no concurso de baixo orçamento da Secretaria do Audiovisual, no ano passado. No ano passado, a produção levantou R$ 370 mil do prêmio e, com mais R$ 100 mil investidos pela BR Distribuidora, efetivou as filmagens. Loschiavo estima que faltaram R$ 240 mil para completar a obra.
Sevá disse que “existe uma pendência da entrega da cópia”, mas que conseguiu realizar o filme, apesar dos recursos escassos. “Estou finalizando com recursos próprios, e isso atrasou a entrega”, comentou. “Mas todo o dinheiro de recursos públicos que foi investido nele, cerca de R$ 430 mil, teve a prestação de contas aprovada. O que nós estouramos foi o prazo de entrega.”
Ele também ressaltou que não é o produtor do filme, apenas o diretor. O cineasta era dono da produtora, Albatroz Cinematográfica, mas alega que a vendeu antes de assumir um posto na Ancine. Segundo o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, o envio das contas do filme Estórias de Trancoso para o TCU cumpre um ritual burocrático. “Temos de enviar obrigatoriamente ao TCU. Mas não existe acusação nenhuma em relação a isso. É parte de um processo normal”, afirmou. De acordo com Senna, o Ministério da Cultura está acompanhando atenciosamente a questão, já que envolve um diretor da agência reguladora e fiscalizadora do cinema nacional.
Augusto Sevá, de 49 anos, é formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e começou no cinema em 1974. Dirigiu A Caminho das Índias. Tem destacada atuação na política cultural, tendo trabalhado nas Secretarias de Cultura do município e do Estado de São Paulo, além de ter pertencido à Embrafilme e à Comissão de Cinema do Ministério da Cultura.