Penélope Nova não tem papas na língua. Prestes a completar 34 anos no dia 19, a baiana com 23 tatuagens espalhadas pelo corpo fala sem pudores sobre tudo. Apesar do jeito irreverente e acelerado, a apresentadora do polêmico Ponto pê, de A fila anda e da produção de clipes MTV5, da MTV, também revela uma surpreendente meiguice. ?Me sinto uma adolescente. Quando era menor, queria ser mais velha. Hoje é o contrário. É a primeira vez que penso sobre isso: sou essa equação de equilíbrio?, define a filha do músico Marcelo Nova, líder da extinta banda Camisa de Vênus.
Penélope assegura que sempre desejou uma vida diferente e acabou encontrando seu espaço na MTV. ?Nunca quis ser óbvia e me curvar aos padrões caretas?, ressalta. Há dez anos na emissora, onde já apresentou Invasão MTV, por exemplo, Penélope garante que jamais se sentiu tão realizada como agora, à frente de um programa que aborda a sexualidade. ?Me sinto livre, mas meu maior sonho é apresentar uma revista eletrônica feminina?, avisa.
P – Apesar de não ser terapeuta ou sexóloga, você dá conselhos sobre sexo para jovens no Ponto Pê. Não é arriscado passar informações sem uma base profissional?
R – Muitas pessoas pensam: ?quem é essa garota tatuada que não é sexóloga e fala sobre sexo?? (risos). Faço o papel da amiga e dou bronca, mas sem fazer análises clínicas. Se me perguntam algo que não sei, mando procurar um profissional. Tem assuntos sempre delicados, como aborto ou de um homem heterossexual que gosta de se vestir de mulher. Respondo tudo com bom-senso.
P – Grande parte das ligações do programa aborda dúvidas muito primárias sobre sexo, informações que deveriam existir desde o início da adolescência, como uso de preservativos. O que mais a surpreende nos telefonemas?
R – O que me apavora é a grande falta de informação, que provém da total ausência de educação sexual neste País. Fico assustada também com mulheres que questionam a masturbação feminina. Isso é reflexo da nossa sociedade machista. As meninas não aguçam a curiosidade sexual na adolescência. As mulheres pudicas deveriam aprender com os homens a se masturbar desde cedo. Incentivo a experimentação sexual, não a gratuidade do sexo.
P – Apesar do seu visual descolado, muitas vezes você dá conselhos que podem ser considerados conservadores no programa, como o combate à traição. Como você se avalia?
R – (risos) Sou completamente careta. Primeiro, quem critica minhas tatuagens é gente que não trepa, não come ninguém e nem é comido. Mas no programa condeno a mentira nas relações. Não tenho nada contra o exercício da liberdade sexual. Só fico irritada quando alguém engana o outro, sai com três e vem me perguntar o que eu acho. Posso ser boa-moça mesmo. Tem gente que diz que é galinha e pergunta se eu vou dar bronca. Na verdade, procuro sempre ter coerência no que digo.
P – Você completa 10 anos de MTV neste ano. Que avaliação faz da sua carreira na emissora?
R – Muita coisa mudou na MTV. Passei por administrações bem diferentes do canal. Consegui me adaptar a todas as gestões e hoje acho um privilégio poder ter trabalhado tanto tempo fazendo o que mais gosto. As melhores horas da minha semana são depois das 23h de sexta, quando apresento o programa ao vivo. Não sou baladeira há muitos anos e não estaria fazendo nada melhor do que conversar com as pessoas sobre sexo. Nunca tive tanto retorno do público como agora.
P – Que retorno você tem tido?
R – Olha, sempre me senti muito mãe e conselheira e agora posso viver isso no programa. Rio, choro, me emociono. Vejo as pessoas felizes com o que digo para elas. Me sinto especial como nunca. O público vem falar comigo e adora ver que sou do mesmo jeito que no programa. Não é como uma atriz que costuma ser completamente diferente da personagem. Os fãs conhecem a verdadeira Penélope. Sou sempre a mesma pessoa e me sinto como uma menina de cinco anos quando sou reconhecida.