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Diomedes Chinaski veste a ‘cmisa 10’ do rap nacional

Na contradição, Diomedes Chinaski faz seu estrago. Com o título provocador de Comunista Rico, a nova mixtape do rapper pernambucano brinca com o que há de errado ao seu redor. Bate, apanha, rebate, apanha de novo. Não tem medo e, além das rimas venenosas, afronta o status quo com batidas viciantes, um trap que já não se prende às batidas e aos graves vagarosos e se aproxima de outros gêneros, como funk ou melody.

Um dos grandes nomes dessa geração de rappers que se estabeleceu depois do ano passado, chamado de “ano lírico” (por culpa da boa leva de discos de rap nacional lançados em 2017), Diomedes entrega uma nova pancada com a estreia do repertório dessa mixtape em São Paulo, na casa Mundo Pensante, na noite desta terça-feira, 7. O espaço, localizado no bairro da Bela Vista, abre as portas às 23h. No palco, Diomedes terá as companhias de Coruja BC1 e Don L, dois rappers que também participam de Comunista Rico. O primeiro canta no funk Ménage e o segundo rima em Camisa 10, o hit da mixtape.

A presença de Don L na canção e no show faz sentido. Don L é mais do que um dos nomes do hip-hop a romper com o “sudestecentrismo” no gênero, que tapava olhos e ouvidos para o som feito por artistas do Norte e Nordeste. Com o grupo Costa a Costa e com seu trabalho solo, Don escancarou os equívocos, brigou, ganhou. Lançou, inclusive, o belíssimo disco Roteiro Pra Aïnouz, Vol. 3 – um dos trabalhos que contribuíram para fazer com que 2017 fosse conhecido como o tal “ano lírico.”

De Roteiro Pra Aïnouz, do qual Diomedes participa na faixa de abertura, chamada Eu Não Te Amo, vem o conceito adotado na mixtape dele Comunista Rico. Na música Aquela Fé, Don L diz: “Eu devo estar errado, eu sou comunista e curto carros”. A partir daí, Diomedes cria seu próprio universo.

Como Karl Marx explicaria o conceito desse comunista endinheirado? Diomedes não tenta explicar, mas dá pistas: “Riqueza de verdade é compartilhar”, ele diz, ao final da introdução que abre a mixtape.

E ao longo das dez faixas seguintes, Diomedes é fúria até quando trata do amor (e do sexo). Vocifera ao colocar sua voz nas rimas, como se um bicho existisse dentro de si, liberto quando está diante do microfone. Ali, ele fala da sua própria trajetória também. “Nariz largo demais pra ser sex symbol / Pele clara demais pra ser MC, bro / Desde sempre eu nunca soube para onde ir, bro”, rima ele. É ele, somos todos nós. Diomedes Chinaski afronta tudo e todos. Sem medo, recebe as pancadas, mas acerta algumas também.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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