Dieta mbya-guarani

Conhecer, compreender e aceitar as formas de ser dos povos indígenas são valores humanos que devem fazer parte do imaginário educacional, principalmente dos professores de história. Atualmente, muitos índios não têm terras demarcadas ou o terreno não é bom. Sofrem por não poderem plantar sementes de sua dieta alimentar e contam com doações. Zélia Maria Bonamigo, mestre em antropologia pela Universidade Federal do Paraná, que estudou a economia dos mbya-guaranis da Ilha da Cotinga, em Paranaguá-PR, relata sobre o tema:

Jorge – Os índios são consultados sobre o que desejam receber?

Zélia – Em geral, não são. Acabam recebendo muitos alimentos que não fazem parte de sua dieta alimentar tradicional, que é composta basicamente por milho, mandioca, batata-doce, melancia, ou seus derivados, e de erva-mate e fumo, que têm sentido específico em seus rituais.

Jorge – As doações são entendidas pelos mbya-guaranis como assistencialistas por não serem consultados?

Zélia – Todas as doações que chegam à aldeia são aceitas com alegria. Observo, no entanto, que eles não se contentam em recebê-las passivamente. Os alimentos acabam intermediando algo mais duradouro, que são as relações sociais entre eles e os outros. Já que são doados muitos alimentos da dieta dos não-índios, eles os incorporam à sua dieta da mesma forma que procuram estabelecer alianças com os não-índios. Assim, mesmo que de início uma doação seja assistencialista ganha outros significados. Mas eles devem ser consultados.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva (queirozhistoria@terra.com.br) é palestrante, pesquisador, historiador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

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