Dicionário de cinema traça panorama abrangente da filmografia paranaense

Um trabalho de pesquisa desenvolvido durante três anos pelo jornalista, cineasta e crítico de cinema Francisco Alves dos Santos resultou no livro Dicionário de cinema do Paraná, que oferece uma visão abrangente da arte cinematográfica paranaense. O lançamento da obra, editada pela Fundação Cultural de Curitiba, acontece às 18h30 desta terça-feira (29), na Cinemateca de Curitiba, dentro das comemorações do aniversário da cidade. A entrada é franca.

Estruturado em forma de verbetes, o livro aborda desde os primórdios da produção do cinema no Paraná, em 1907, registrando os realizadores cinematográficos até 2003. O autor não se limita a listar diretores, atores, técnicos e entidades, mas aprofunda-se no assunto para traçar um amplo panorama dessa arte, transformando a publicação em importante fonte de consulta dos interessados em conhecer a atuação paranaense atrás das câmaras.

O trabalho minucioso de Francisco Alves pode ser constatado desde o ensaio de abertura do livro que, sob o título de A trajetória do cinema no Paraná, é um verdadeiro mergulho na nossa história cinematográfica. O estudo mostra que as primeiras exibições cinematográficas em Curitiba aconteceram em 25 de agosto de 1897, no antigo Teatro Hauer, que funcionava num prédio localizado na Rua Mateus Leme, esquina com a Rua Treze de Maio. As filmagens apresentadas eram de cinegrafistas de fora, sendo que o cinema do Paraná propriamente dito, com obras de cinegrafistas locais, teve início em 1907, quando Anníbal Requião (1875 – 1929) registrou o desfile comemorativo ao aniversário da República (15 de novembro) daquele ano.

Resgate

A extensa bibliografia consultada pelo autor permitiu a reconstituição de quase um século da filmografia local, demonstrando que o pioneirismo de Anníbal Requião teve continuidade em João Baptista Groff (1897 – 1970), realizador de Pátria Redimida (1930), o principal filme do período mudo paranaense.

A obra, que se transformou num clássico do cinema documentário brasileiro, é sobre a revolução getulista iniciada em Porto Alegre (RS), em 3 de outubro de 1930, e seus desdobramentos em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, com imagens raras e históricas da passagem de Getúlio Vargas por Curitiba.

A relação de pioneiros do cinema paranaense tem ainda os nomes de Arthur Rogge (1886 – 1972), autor de vários documentários curtos, como Didi Caillet (1929), miss Paraná daquele ano; José Cleto (1901 – 1960), que realizou o documentário Nossa terra (1928); Ikoma Udhiara (1882 – 1972), com relevantes registros do desenvolvimento do norte paranaense; além de Vladimir Kozàk (1897 – 1979), tchecoslovaco naturalizado brasileiro que fez os principais registros indígenas do cinema do Paraná.

Francisco Alves registra que por anos o cinema no Paraná contou apenas com documentários e cinejornais, realizando o sonho dos longas-metragens somente a partir da década de 1960. Os primeiros longas foram Senhor Bom Jesus da Cana Verde (1967), dirigido pelo frei capuchinho Gabrielângelo Caramore e Juracy Garanhani, numa iniciativa da cidade de Siqueira Campos; Maré alta (1968), de Eugênio Contin, com enredo de aventuras rodado nas ilhas do litoral do Paraná; e Lance maior (1968), de Sylvio Back, que, com um drama ambientado em Curitiba sobre jovens em busca de afirmação, coloca o Paraná no mapa da produção brasileira de longas-metragens.

Os dados levantados por Francisco Alves também mostram a trajetória de Sérgio Bianchi, atualmente considerado um dos principais diretores do cinema brasileiro, que se iniciou na cinematografia em Lance Maior, trabalhando como ator e assistente de produção de Sylvio Back. O autor dá seqüência à pesquisa percorrendo as décadas de 1970, 1980 e 1990, com extenso levantamento de realizadores, além de destacar os trabalhos já efetuados no início do novo milênio. ?A primeira década pode transformar-se em uma nova e profícua fase do cinema do Paraná?, afirma Francisco.

O autor

Francisco Alves dos Santos nasceu em Salinas (MG), em 1946, vindo para o norte do Paraná com dois anos de idade. Ex-seminarista, mora em Curitiba desde 1971, sendo formado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná.

Trabalha na Fundação Cultural de Curitiba desde 1975, atualmente respondendo pela coordenação da Cinemateca de Curitiba. Crítico de cinema, Francisco atuou em vários veículos da capital paranaense, participando como jurado dos principais festivais brasileiros de cinema.

Durante muitos anos, integrou o júri do prêmio Gralha Azul de Teatro do Paraná. Suas publicações anteriores são Cinema brasileiro 1975 (1975), Cinema, igreja e poder O filme religioso no Brasil (1992), Cinema no Paraná nova geração (1996) e Cinema no Paraná anos 90. Francisco também é autor de vários curtas-metragens, muitos deles premiados nacionalmente.

Serviço:

Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos Cavalcanti, 1.174).

Lançamento do livro Dicionário de cinema do Paraná, do jornalista, cineasta e crítico de cinema Francisco Alves dos Santos.

Dia 29.03.05 (terça-feira), às 18h30.

Entrada franca.

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