Dez anos sem Tom, imortal da música brasileira

Hoje faz dez anos que o Brasil perdeu Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994). Nos anos que se seguiram àquele 8 de dezembro (dia que em o rock já tinha perdido John Lennon 14 anos antes), muito se escreveu, entre análises e biografias, e muito se gravou de seu genial cancioneiro. Nem sempre isso foi realizado da melhor maneira possível, mas a base é uma só: a música de Jobim continua presente como nas décadas passadas, rebatendo a velha máxima do desprezo pela memória cultural do País. Antônio Carlos, portanto, é um cidadão que dispensa referências e lembranças acerca de sua vital importância.

Seu legado continua iluminado tanto pelo trabalho de garimpo de raridades pré-bossa nova pela gravadora Revivendo, como pelo realce de jóias escondidas pelo Quarteto Jobim-Morelenbaum e até pela atualização eletrônica de Fernanda Porto, que colocou Só tinha de ser com você nas pistas de dança. Infelizmente nem todos os álbuns do compositor e pianista continuam em catálogo e o oportunismo fez brotar outros de diversos intérpretes que nada acrescentaram ao que já havia feito. Mesmo assim, vale conferir o Antônio Carlos Jobim em Minas ao Vivo – Piano e Voz, primeiro título do selo Jobim Biscoito Fino, lançado no mês passado.

A gravadora BMG entra na onda da efeméride com a compilação No Tom da Saudade – Um Tributo a Jobim, pra lá de irregular, reunindo Nelson Gonçalves, Beth Carvalho, Fagner, Raphael Rabello, Gal Costa, Rossa Passos, Zé Ramalho, Maria Creuza, Lenine. O melhor fica com Chico Buarque (Eu te amo), Maria Bethânia (Anos Dourados) e Miúcha e Tom (Falando de Amor) e Maysa (As Praias Desertas).

Dois dos melhores trabalhos realizados em torno de Jobim a propósito, são recentes: a recuperação do álbum Elis & Tom (1974), pelo arranjador e produtor César Camargo Mariano, trabalho impecável lançado em CD e DVD áudio pela gravadora Trama sobre um dos maiores discos de todos os tempos. O segundo é o livro de ensaios Três Canções de Jobim (Cosac Naify, 96 págs., R$ 36), em que os especialistas Lorenzo Mammì, Luiz Tatit e Arthur Nestrovski analisam minuciosamente, Sabiá, Gabriela e Águas de Março. Acompanha o livro um CD com interpretações sensíveis das três canções pela cantora Ná Ozzetti e o pianista André Mehmari. Eles fazem um pequeno recital no lançamento do livro amanhã, na Galeria Olido, em São Paulo.

Tom também será lembrado sexta-feira por uma de suas mais marcantes intérpretes, Alaíde Costa, no Teatro do Sesc Pompéia, em São Paulo. A Jazz Sinfônica também presta sua homenagem hoje no Teatro Sérgio Cardoso. Além disso, Tom estará em foco em dois bons programas de rádio – na Eldorado AM (700 kHz) e na Cultura FM (103,3 MHz). O Tom do Brasil – 10 Anos sem Jobim, dentro do Eldorado à Noite especial, que vai ao ar das 20h à 0h. Com músicas de todas as fases do compositor, o programa terá entrevistas com o filho (Paulo) e a irmã (Helena) de Tom, além dos críticos Arthur Nestrovski e Lorenzo Mammì, a cantora Paula Morelenbaum, que o acompanhou por 11 anos, e um de seus biógrafos, Sérgio Cabral. Haverá ainda depoimentos de Danilo Caymmi, Fernanda Porto, Miúcha e Ná Ozzetti. A Eldorado FM (92,9 MHz) terá músicas de Tom nas quatro edições do Canta Brasil de amanhã, às 10h50, 15h50, 20h50 e 22h50.

O Tom do Brasil, da Cultura, relembra momentos importantes de sua carreira em dois programas, amanhã e no dia 15. Com apresentação de João Marcello Bôscoli, a primeira parte conta com depoimentos importantes e curiosos do cantor Pery Ribeiro, do compositor Paulo César Pinheiro, de Nestrovski, do maestro Júlio Medaglia e de César Camargo Mariano. Sem a tristeza de dez anos atrás, enfim um dia com um pouco mais de beleza e harmonia no ar.

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