A Beija-Flor entrou na Marquês de Sapucaí disposta a provar que a vitória no ano passado foi legítima e que tem capacidade para conquistar em 2008 o bicampeonato. A azul e branca de Nilópolis entrou luxuosa para retratar os encantos de Macapá, na região amazônica. Antes mesmo de pisar na avenida, o carnavalesco Laila fez um inflamado discurso no qual rechaçou as especulações sobre uma possível manipulação no resultado do ano passado.
"A Beija-Flor não precisa de subterfúgio para vencer o carnaval. Quiseram macular o título que a gente ganhou dignamente. Vamos mostrar que Nilópolis é a terra do samba", afirmou. O carnavalesco, porém, foi vaiado ao defender o presidente de honra da escola, o bicheiro Anísio Abraão David, envolvido no esquema de corrupção deflagrado pela Polícia Federal durante a Operação Furacão. Durante essas investigações, a PF encontrou indícios de compra de jurados pela escola de samba. Na época, chegou a ser criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Vereadores do Rio, mas nada ficou comprovado.
Mesmo com o constrangimento, a azul e branca de Nilópolis entrou na avenida com apoio do público que ainda lotava a Sapucaí, apesar de a escola ser a última a desfilar. O samba com refrão fácil pegou e a Beija-Flor deixou a avenida aos gritos de "já ganhou" vindo das arquibancadas e camarotes. A porta-bandeira Selminha Sorriso e a madrinha da bateria de apenas 17 anos, Raisa Oliveira, ambas da comunidade, voltaram a brilhar. Raisa, desde os 12 anos como madrinha da bateria do mestre Paulinho, terminou o desfile confiante na vitória. "Por eu ser da comunidade, o entrosamento é muito melhor", disse.