A novela Metamorphoses está prevista para estrear na Record no dia 8 de março. Mas desde já a produção, feita em parceria com a produtora Casablanca, vem dando o que falar.
O mérito, contudo, não é da trama, que mistura jóias roubadas, cirurgias plásticas e trocas de identidade. Nem do elenco, encabeçado por Paulo Betti e Luciene Adami. Na verdade, o que causou burburinho foi a saída intempestiva do autor Mário Prata, que se disse insatisfeito com as alterações impostas ao seu texto pela proprietária da Casablanca, Arlete Siaretta. No lugar dele, entrou Charlotte Karowski que, já é sabido, trata-se de um pseudônimo – possivelmente da própria Arlete. Por conta do embaraço, o elenco recebeu recomendações para não falar sobre a novela.
Metamorphoses foi escolhida para reinaugurar o núcleo de teledramaturgia da Record, que estava desativado desde 2001, quando a emissora exibiu Roda da Vida. A decisão de voltar aos folhetins faz parte da estratégia para atingir uma faixa mais ampla da audiência e tentar superar o SBT em ibope e faturamento. “As novelas são o produto de maior prestígio na televisão. Se quisermos alcançar o segundo lugar, precisamos produzir”, raciocina Dennis Munhoz, presidente da Record. Neste sentido, a co-produção com a Casablanca – responsável pelo seriado Turma do Gueto, líder de audiência da Record – seria o primeiro passo para a reestruturação do núcleo de teledramaturgia. A concepção artística fica por conta da produtora, enquanto a emissora assume a comercialização e parte da estrutura física, com estúdio e equipamentos.
Tizuka Yamasaki foi chamada para dirigir Metamorphoses. A trama gira em torno de três jóias de alto valor, roubadas em 1917. Nos dias atuais, a proprietária de uma clínica de estética encontra acidentalmente uma delas e passa a sofrer estranhas perseguições. Para escapar com vida, ela assume a identidade da própria irmã, que morre durante uma cirurgia plástica. A protagonista será interpretada pela atriz Luciene Adami, cuja última aparição foi em Pícara Sonhadora, em 2001 no SBT. Para contracenar com ela, a Casablanca chamou Paulo Betti. Ele interpreta Marcos, um detetive “do bem”, determinado a solucionar o “caso das jóias”. “Acho importante estimular o surgimento de novos núcleos de dramaturgia na televisão. Assim, me sinto útil como artista e cidadão”, disse Paulo Betti, antes de receber a orientação de não falar com a imprensa.
Veteranos como Gianfrancesco Guarnieri, Joana Fomm, Zezé Motta e Lúcia Alves também estão em Metamorphoses, ao lado de figuras nem tão antigas assim, como Francisca Queiroz e Licurgo Spínola. Mas a maior parte do elenco é mesmo composta de novatos e atores pouco conhecidos da televisão. “Aceitei o convite porque adoro a Tizuka. Ela me dirigiu em Kananga do Japão e prometemos que voltaríamos a trabalhar juntas sempre que possível. Mas só agora, 15 anos depois, surgiu a oportunidade”, contou a risonha Zezé Motta, antes da mordaça imposta pela emissora.
Três sinopses de Metamorphoses teriam sido desenvolvidas. Uma de Arlete Siaretta, outra de Marcílio Moraes e uma terceira de Mário Prata – que, segundo ele, foi baseada na idéia original de Arlete. A primeira medida do autor teria sido trocar o nome da novela para Jóia Rara. Depois de alguns ajustes, a sinopse foi aprovada e Mário estaria responsável pela trama. Após anunciada a saída do autor, porém, a Casablanca declarou que ele só foi contratado para escrever os dez primeiros capítulos e que seu contrato expirou em dezembro. Mário Prata também deu sua versão: “Estava no oitavo capítulo quando recebi o primeiro reescrito e vi que Arlete inseriu cenas da sinopse dela. Se o resultado fosse bom, eu ficaria quieto. Mas não era o caso…”, destilou o veterano autor de novelas como Estúpido Cupido e Um Sonho a Mais.