Nesta quinta-feira (20), às 18h30, inauguram no Memorial de Curitiba, espaço da Prefeitura Municipal administrado pela Fundação Cultural de Curitiba, duas exposições que expressam a criatividade de artistas em diferentes suportes. No Salão Paraná (2º andar), a mostra ?A Arte como Missão? conta com instalações e ensaios fotográficos realizados por Malah. A produção em desenho sobre papel de Milena Costa e Wagner Costa Lima pode ser conferida no Salão Brasil (3º andar), revelando a pesquisa de diversos códigos de representação. As obras podem ser vistas até o dia 20 de agosto de 2006, com entrada franca.
Um convite à reflexão está implícito nas criações de Malah, que deixa transparecer a preocupação social em seu percurso artístico. As quatro instalações e os vários ensaios fotográficos de ?A Arte como Missão?, reunidos sob a curadoria de Edílson Viriato, têm conotações ora sociais ora práticas, mas providos de simultaneidade construtiva. ?Aspectos sociais e religiosos irmanam-se, recriando um universo dramático e nos mostrando uma realidade complexa?, diz o historiador e artista plástico João Covielo, na apresentação da exposição. Segundo Covielo, o universo das obras de Malah volta-se para cenas do cotidiano, ?repleto de fobias, inseguranças, medos, violências, fomes e diversidades sócio-culturais?.
Nascido em Recife (PE), em 27 de janeiro de 1937, Malaliel José de Souza, que adotou o nome de Malah, cursou a Faculdade Nacional de Arquitetura, no Rio de Janeiro. Estudou com Ubi Bava e Ivan Serpa, também no Rio de Janeiro, e, atualmente, participa em Curitiba do Ateliê Livre de Edílson Viriato. Desde 1992, Malah vive em Piraquara (PR), onde desenvolve suas obras em ateliê próprio. Com diversas exposições no Brasil e no exterior, em países como Argentina, Canadá, Espanha, França e Uruguai, o artista acumula premiações em salões de arte.
Códigos de representação
A prática do desenho, constante na produção dos colegas de ateliê Milena Costa e Wagner Costa Lima, levou à decisão de uma exposição conjunta. Os artistas notaram que, apesar de diferentes modos operativos, ambos desenvolvem pesquisas voltadas aos diversos códigos de representação. A mostra no Memorial de Curitiba tem por objetivo proporcionar ao público a fruição dessas possibilidades expressivas do desenho.
Para a artista plástica curitibana Milena Costa, o ideal de beleza feminino está sempre mudando, e as mulheres parecem estar em busca de uma perfeição inatingível. As revistas femininas reafirmam a todo o momento os conceitos de beleza da sociedade capitalista e, ao folhear as páginas destes periódicos, percebe-se que a maneira de representara a mulher repete-se a todo o momento: as poses, os cabelos, as falas… Existe todo um conjunto de maneirismos que deve ser seguido pela ?mulher perfeita?.
Esses códigos tornam-se, em alguns momentos, cansativos e perfeitamente legíveis. As poses que as modelos fazem para os editoriais de moda e na passarela são sempre as mesmas. No momento em que se percebe tamanha repetição afirma-se que a condição de ser mulher é uma construção. O corpo que ela deve possuir não passa de um modismo. A mulher torna-se um produto que deve ser trocado e renovado a cada estação. Desse modo, os códigos de comportamento e estética presentes nas revistas de moda servem de suporte para a construção dos desenhos de Milena.
A artista selecionou 11 desenhos em óleo e grafite sobre papel para a mostra no Memorial de Curitiba. Graduada em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná ? Embap, onde também realiza especialização em História da Arte, Milena participou de exposições coletivas em Curitiba e em cidades dos Estados Unidos.
O também curitibano Wagner Costa Lima volta seu interesse à tradição do desenho como forma codificada de conhecimento e descrição da natureza. Na série ?Cedimentos?, o artista tem como referências visuais gráficos, desenhos de anatomia e mapas geológicos. Esses diagramas utilizados pelas ciências na descrição de fenômenos naturais são convertidos por Wagner em elementos plásticos, destituídos de sua funcionalidade por meio de recursos como transparências, materialidade da tinta óleo e convívio entre ?linhas de contorno? e ?linhas objeto?.
Os dez desenhos da série, realizados em óleo, grafite e óleo de linhaça sobre papel, são uma sucessão de formas suavizadas, ligeiramente abauladas, que têm como limite superior a atmosfera. A presença de texturas diferenciadas constitui saliências na paisagem, às margens das quais se desenvolvem amplas planícies.
Formado em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná ? Embap, Wagner realiza na mesma entidade a pós-graduação em História da Arte Moderna e Contemporânea. Em seu currículo constam várias exposições no Paraná.
Serviço:
Memorial de Curitiba
(Rua Claudino dos Santos, s/n ? Setor Histórico)
Exposições de 20 de julho (abertura às 18h30) a 20 de agosto de 2006:
Salão Paraná (2º andar) ? instalações e fotografias realizadas pelo artista plástico Malah
Salão Brasil (3º andar) ? desenhos sobre papel dos artistas plásticos Wagner Costa Lima e Milena Costa
Horário de visitas: de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados e domingos, das 9h às 15h
A entrada é franca.