Depois de 12 anos fazendo teatro no Paraná, a atriz Fernanda Machado redescobriu como é ser novata. A nova estréia da moça foi em Começar de Novo, como a independente e decidida Sonya, filha do primeiro casamento de Andrei, vivido por Marcos Paulo. Ao mesmo tempo em que tudo desperta encantamento, Fernanda tem de se adaptar às peculiaridades do veículo.
"A tevê exige a verdade nua e crua. Se você mentir, a câmara pega e as pessoas percebem que você não atua bem", avalia a atriz de 23 anos. Apesar da considerável experiência como atriz, ela faz questão de deixar bem claro que ainda tem muito o que aprender sobre televisão. As dificuldades iniciais, no entanto, não tiram nem um pouco a empolgação de Fernanda com o novo trabalho. Seguindo o velho jargão artístico, as dificuldades são classificadas como "desafios" e "estímulos".
Por enquanto, segundo Fernanda, a maior complicação está sendo manter a naturalidade depois de gravar a mesma cena inúmeras vezes seja por problemas técnicos, de enquadramento e até da própria atuação. "Tenho de aprender a ligar e desligar. Eu posso estar com uma emoção linda, mas se a luz estiver horrorosa o diretor corta na hora", constata, mas sem perder o bom humor. A atriz também tem dificuldades com as cenas ao ar livre. Ela confessa que fatores externos, como frio, vento, sol e calor, ainda atrapalham um pouco sua interpretação. Ela não se esquece dos "maus bocados" que passou ao gravar uma cena na praia em um dia frio, com muito vento e tendo de se molhar.
Deslumbramento
Fernanda tem consciência de que tudo é questão de tempo e adaptação. Mas para pegar mais rapidamente as "manhas" da tevê, ela fica atenta às dicas dos diretores e da equipe técnica durante as gravações. Já para se aprimorar como atriz, a jovem admite que não tira os olhos dos seus colegas de elenco e procura absorver o máximo de informações. Com Antônio Abujamra ela conta que aprende a controlar e a valorizar os gestos, com Paloma Duarte, a se concentrar e com Marcos Paulo a ter um olhar forte e compenetrado. "Tento buscar esse olhar para a minha personagem por ela ser filha dele", revela. Aliás, os atores são a única fonte de deslumbramento de Fernanda, que não demonstra nenhum encantamento desmedido por estar fazendo tevê.
Uma questão de vocação
Fernanda nunca pensou em ser outra coisa que não atriz. Desde criança ela já aproveitava as festinhas de família e os casamentos para exibir seus "dotes" artísticos. "Eu não escolhi ser atriz, fui escolhida", brinca. Na adolescência, a paixão pela interpretação só aumentou. Fernanda entrou no grupo de teatro amador do colégio e passou a dedicar quase todo o seu tempo aos ensaios de peças e às leituras sobre teatro. Tanto que ela mesma assume não saber o que ia fazer no colégio nessa época. "Eu ficava lendo Casa de Bonecas de Ibsen no meio da aula de Química e chorando", revela. Fernanda não teve dúvidas na hora do vestibular: Artes Cênicas. Para isso, saiu da casa dos pais em Maringá, e veio morar sozinha em Curitiba para estudar.
Do início do curso, em 1999, à televisão foi um longo caminho. Em 2001, quando estava no terceiro ano do curso, um produtor de elenco da Globo a viu numa peça e a convidou para fazer um "registro" (a gravação de uma cena que fica arquivada na emissora). Dois anos depois, outro produtor a chamou para renovar o tal "registro". Foi por esse último que Fernanda ganhou uma vaga na Oficina de Atores da Globo que desaguou, cinco meses depois, no primeiro teste para Sonya, com Erik Marmo.
