Com grande atuação, Camila Morgado é a protagosnista desta produção. |
Foram quase dez anos de esforços, mas a produtora e roteirista Rita Buzzar tem, enfim, motivos para comemorar – no dia 20, estréia em cinemas de todo o Brasil o filme que ela adaptou do romance de não ficção de Fernando Morais, Olga. Antes disso, o filme terá duas sessões importantes – será exibido no Festival do Cinema Judaico de São Paulo, que começa dia 9, e também na abertura do Festival de Gramado – Cinema Latino e Brasileiro, dia 16.
Fernando Morais também tem motivo para comemorar. A estréia de Olga quebra um ciclo de maldição. Um dos filmes mais polêmicos produzidos no País, nos últimos anos, também se baseia num livro dele – Chatô reconstrói a trajetória do lendário Assis Chateaubriand, um dos mais famosos jornalistas brasileiros. Um marinheiro de primeira viagem – o ator Guilherme Fontes – adquiriu os direitos de Chatô e iniciou uma das produções mais conturbadas da história do cinema do País. O filme esteve no centro de várias denúncias de corrupção, usadas para atacar as leis de incentivo que são, hoje, a grande ferramenta de financiamento do cinema brasileiro. A boa-nova é que Chatô também está pronto. Morais põe a mão no fogo por Guilherme Fontes -“Os problemas foram decorrentes de sua inexperiência. Já disse para minha filha que, se um dia forem provadas as denúncias de corrupção contra o Guilherme, eu vou ficar tão surpreso quanto ela ficaria se um dia fosse eu o alvo dessas denúncias.”
“Olga é uma história triste. Tem opressão, resistência, campo de concentração, nazismo, final infeliz – a história de Olga é daquelas que não podem ter final feliz. Teria tudo para dar um filme cabeça, mas a Rita e o Jayme (o diretor Jayme Monjardim) fizeram um filme maravilhoso. Olga é emocionante sem ser piegas. É até um filme muito duro”, comenta Morais, em entrevista realizada em seu apartamento.
O roteiro filmado foi o sétimo que Rita escreveu. Ela já vinha trabalhando no projeto (desde 1995) quando o diretor Jayme Monjardim entrou na dança. Monjardim começou no cinema, com um curta sobre sua mãe, a cantora e compositora Maysa, antes de ser cooptado pela televisão. Tornou-se um dos grandes diretores da TV brasileira. “Jayme introduziu o plano geral na TV”, lembra Rita.
Morais destaca o rigor visual. “É um filme preto-e-branco em cores. Às vezes, você pensa estar vendo um filme neo-realista em preto-e-branco, mas aí percebe um vermelho e vê que é colorido”, diz o escritor.