A atriz Miriam Freeland não hesita em afirmar que a polêmica Patrícia Galvão, a Pagu, que ela interpretou, há mais de um ano, em Um Só Coração, da Globo, mudou a sua vida. No campo profissional, ela acredita que o seu desempenho na minissérie de Maria Adelaide Amaral foi determinante para lhe abrir novas portas.
Como, por exemplo, a da Record, que a convidou para interpretar Mila, uma das protagonistas de Essas Mulheres, de Marcílio Moraes. Já no âmbito pessoal, viver a musa da ala radical do Modernismo lhe ajudou a se tornar uma mulher mais ousada, destemida, audaciosa… "Caso contrário, dificilmente aceitaria o convite da Record para trocar de cidade e morar, mesmo que provisoriamente, em São Paulo. A Pagu bagunçou a minha vida. Ela me ensinou, por exemplo, a não ser tão legal o tempo todo. Afinal, a gente vai sempre desagradar alguém. Tenho de ser legal é comigo mesma", frisa.
Aos 26 anos, Miriam Freeland continua a sua sina de só fazer personagens de época. A Mila Duarte, de Essas Mulheres, é a quarta consecutiva. Com uma diferença. Ao contrário das duas primeiras, a Candoca de O Cravo e a Rosa e a Beatriz de Esperança, a protagonista do romance Diva, escrito por José de Alencar em 1864, não possui a mesma candura e passividade das anteriores. Muito pelo contrário. Ela é tida como louca pela mãe, interpretada por Ana Beatriz Nogueira, justamente por questionar os valores morais impostos às mulheres de sua época. Nesse sentido, Mila faz lembrar uma certa ativista política que chegou a ser presa diversas vezes por pertencer ao Partido Comunista Brasileiro… "Optei pela sutileza na hora da composição. Seria mais fácil fazer a Mila queimando sutiãs em praça pública. Mas preferi fazê-la doce, ingênua, pura… Por isso mesmo, estaria blasfemando se dissesse que ela chega perto da Pagu em termos de ousadia e inteligência", compara.
O convite para interpretar a Mila de Essas Mulheres partiu de Herval Rossano, quando ele ainda era o diretor responsável pela nova novela da Record. Juntos, os dois trabalharam num episódio do Você Decide, na Globo. ?O convite me pegou de surpresa. Não tinha a menor noção do sucesso que A Escrava Isaura estava fazendo. Mesmo assim, resolvi aceitar??, lembra. Na mesma hora, a atriz percorreu os sebos do Rio de Janeiro atrás de um que tivesse os três romances que inspiraram a novela de Marcílio Moraes: Senhora, Lucíola e Diva. "Como eu sei que curiosidade mata, comecei logo pelo Diva. Engoli o livro em poucas horas", exagera. Quando soube que Flávio Colatrello havia assumido o lugar que fora de Herval Rossano na direção geral de Essas Mulheres, tomou um susto. Na dúvida, pensou em ligar para ele e se apresentar ao novo diretor. "Não foi preciso. No mesmo dia, ele me ligou, dizendo que sempre quis trabalhar comigo. Disse também que a personagem era a minha cara. Felizmente, a transição foi tranqüila, carinhosa…", suspira, aliviada.