O Ministério do Turismo exonerou ou dispensou cinco funcionários da Fundação Casa de Rui Barbosa. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União de terça, 7. Foram dispensados a crítica literária Flora Süssekind, a jornalista Joelle Rouchou e o sociólogo José Almino de Alencar – todos da função de chefe do Centro de Pesquisa em Filologia, História e Ruiano, respectivamente. E foram exonerados Antonio Herculano Lopes, até então diretor do Centro de Pesquisa, e Charles Gomes, chefe do Centro de Pesquisa em Direito. Os dois tinham cargo em comissão.

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A Fundação Casa de Rui Barbosa, responsável por manter acervos de intelectuais e escritores e, por isso, um importante centro de pesquisa, é presidida desde outubro pela jornalista e roteirista de TV Letícia Dornelles. Ela assumiu o cargo no lugar de Lucia Maria Velloso de Oliveira, que ocupava o posto interinamente desde o afastamento, em 2018, por questões pessoais, de Marta de Senna.

Letícia Dornelles não possui a qualificação acadêmica exigida para presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa nem é expert em estudos ruianos, o que poderia habilitá-la para o cargo apesar da falta de titulação. Isso tem sido questionado pelos funcionários desde que ela assumiu a função. Letícia teria sido intimada pelo Ministério Público a explicar essa questão nos últimos dias. A Fundação Casa de Rui Barbosa disse, por meio da assessoria de imprensa, que não vai se manifestar a respeito das exonerações.

O receio dos funcionários, agora, é que a dispensa dos chefes seja o primeiro sinal de um desmonte do Centro de Pesquisa, que é dividido em áreas e cobre, ainda, políticas culturais e possui um setor de editoração.
A extinção do Centro de Pesquisa, um dos mais importantes fora de universidade no Brasil e referência em história da imprensa, da cidade e da escravidão, por exemplo, pode ter influência direta na manutenção de estudos acerca desses e de outros temas. Os funcionários dispensados dos cargos de chefia seguem como servidores públicos da instituição.

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“Fomos tomados de surpresa pela demissão coletiva. Nos contatos que as pessoas tiveram com ela (Letícia), ela dava sinais de que havia o espírito colaborativo e tentava tranquilizar a equipe dizendo que o trabalho da casa continuaria”, disse ao Estado o sociólogo José Almino de Alencar. Para ele, existe um risco de que a Fundação Casa de Rui Barbosa, hoje uma ponte entre intelectuais, comunidade acadêmica, arquivos e instituições, que promove a pesquisa e faz publicações, se transforme em apenas um “museu e arquivo”.

Os ex-chefes demitidos estão preparando uma carta para Letícia Dornelles, com um balanço das ações de 2019 e o planejamento do que fariam em 2020. O grupo prepara também um comunicado público acerca da demissão.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.