São Paulo – Abaixo o Amor, que estréia hoje nos cinemas, recria o espírito das velhas comédias com Rock Hudson e Doris Day nos anos 1960 (tanto que o ator que fechava o triângulo com os dois, Tony Randall, faz-se presente na trama).
Trata-se de uma comédia americana de Peyton Reed, que, ao contrário do que se possa imaginar à primeira vista, é prazeroso e divertido.
Renée Zellweger, gracinha como sempre, faz a escritora que lança um manifesto pré-feminista (nos anos 60, a década que mudou tudo). Ewan McGregor é o editor machista que resolve desmascará-la. Para isso, tem de provar que, embora o livro dela se chame Abaixo o Amor, Renée na verdade é uma carente que só precisa de um macho em sua vida.
Tal é a trama de Abaixo o Amor, que Peyton Reed desenvolve num relato cheio de referências às comédias antigas, satirizando, 40 anos depois, o ingênuo erotismo reprimido daquelas fantasias nas quais um gay que não saía do armário encarnava o sedutor de uma virgem do hímen de aço. Há momentos que são divertidos, e o charme dos atores contribui para isso. Mas o filme não acontece, apesar do kitsch assumido da cenografia e do vestuário, e da evidente intenção de ser crítico em relação a um tipo de cinema que já era. (Luiz Carlos Merten)
