De um passeio de barco nasce uma das principais personagens de ‘Alice’

Alice Liddell (1852-1934) era a quarta filha do reverendo Henry Lindell, um dos decanos de Oxford com quem Lewis Carroll convivia. O dia 4 de julho de 1862 marca o início da história do livro que tornaria Alice conhecida, viraria clássico e seria lido por gerações de crianças, adolescentes e adultos ao redor do mundo ano após ano. Foi neste dia que Carroll acompanhou a família do amigo num passeio de barco. Era tímido com os adultos, mas ficava à vontade entre as crianças – e chegou a ser chamado de pedófilo.

Neste passeio, ele contou uma história aos filhos de Liddell e, como Alice era a personagem principal, ela pediu que ele pusesse no papel. Foi feita então uma edição caseira de “Aventuras de Alice no Subterrâneo”, da qual Alice só se separaria quando, já viúva, precisou de dinheiro para manter a casa. Ela teve três filhos – os dois garotos morreram na guerra. Aos 80 anos, ela participou das comemorações pelo centenário de Lewis Carroll.

“Alice no País das Maravilhas” foi publicado no final de 1865, mas o autor e o editor não ficaram satisfeitos. Uma nova edição começou a circular no ano seguinte. Era o começo da trajetória de sucesso do livro, que inspira de matemáticos a psicanalistas, de crianças a adultos. E que serve de matéria-prima para artistas das mais diferentes linguagens e, claro, para desenvolvedores de produtos. Alice, que tem uma legião de fãs mundo afora, já estampou toda a sorte de objetos.

Para a psicanalista Diana Corso, a relação com sua figura tem a ver com o fato de precisarmos do mito para decodificarmos o mundo. “Precisamos ver fora de nós aquilo que está dentro da nossa cabeça. Hoje, traduzimos muito das nossas posses em imagens e objetos. Precisamos dos nossos ícones para nos sentirmos representados por essas histórias que nos tocam”, explica.

Colecionadores de livros encontram nas livrarias mais de uma dezena de títulos. Isso sem contar nos sebos.

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