Gustavo Leão quase caiu para trás ao chegar na Band para fazer testes para Floribella. Como a fila dos candidatos dava voltas no quarteirão, logo pensou em desistir. Só não voltou para casa, porém, porque jura que ?uma voz interior? insistiu para ele ficar. Meio a contragosto, Gustavo resolveu escutá-la e, por isso mesmo, passou sete horas na fila. Apesar de cansativa, a espera compensou. Ele não só foi aprovado para interpretar o surfista Guto, como já foi confirmado na segunda temporada de Floribella, prevista para estrear em janeiro do ano que vem. ?Na minha idade, não dá muito para ficar escolhendo. O que pintar, eu tenho de aceitar. Mas, é claro que eu gostaria de continuar em Floribella. Por ser o meu primeiro trabalho, tenho um ?xodozinho? especial?, brinca ele.
Nascido em Praia Grande, litoral sul de São Paulo, Gustavo sempre sonhou em fazer novelas. A primeira que assistiu, do início ao fim, foi Vira-Lata, de Carlos Lombardi. Desde então, tornou-se noveleiro assumido. ?Assistia a tudo que era novela: das seis, das sete, das oito… Se tivesse às duas da manhã, assistia também?, exagera. Enquanto não se matriculava em um curso de interpretação, Gustavo exercitava seu talento com as professoras do colégio. ?Antes de ir para a aula, dava uma olhada no mar. Se tivesse onda, inventava uma desculpa qualquer para sair mais cedo?, conta ele, encabulado.
Mas, antes de seguir a carreira de ator, Gustavo bem que tentou a de surfista. Mas desistiu por falta de patrocínio. ?O pessoal acha que todo surfista é maconheiro. O preconceito rola solto por aí!?, queixa-se. Nessa época, Gustavo se viu obrigado a arranjar emprego depois que o irmão mais velho foi demitido do trabalho. Como não sabia fazer muita coisa na vida, foi vender artesanato na praia. Tão logo começou a sair em jornais e revistas que tinha sido aprovado para Floribella, a barraca de Gustavo tornou-se a mais disputada do pedaço. O rapaz nem tinha começado a gravar e algumas moçoilas já pediam autógrafo a ele. ?A maior lição que aprendi na vida foi dar valor à minha família. Hoje, sei que tudo o que minha mãe falava era para o meu bem?, emociona-se.
Com as gravações de Floribella no Rio, Gustavo sente saudades da casa, dos amigos e, principalmente, da mãe. Da última vez que Dona Nídia visitou o filho, quase não o reconheceu. ?Nossa, como você está responsável! O que aconteceu??, estranhou ela. O que aconteceu foi que Gustavo cresceu e amadureceu. Atualmente, o rapaz que passava horas pegando onda na Praia Grande tem contas a pagar, supermercado a fazer, jantar a preparar… No apartamento que aluga na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no entanto, jura que se vira numa boa. ?Até agora, ninguém reclamou. Mesmo porque moro sozinho?, graceja. Parte da solidão de Gustavo, porém, é suprida pelos colegas de Floribella. Não são poucas as vezes em que Roger Gobeth oferece carona para Gustavo até o estúdio ou que Úrsula Corona combina de surfarem juntos no final de semana. ?Viramos uma família de verdade!?, derrama-se.
E, como toda família que se preza, os membros não deixam de dar bronca uns nos outros. Principalmente quando o mais inexperiente deles insiste em dar as costas para as câmaras. ?Eles pegam no meu pé até eu fazer direitinho?, confessa, mais agradecido que qualquer outra coisa. Na verdade, embora quisesse fazer televisão, Gustavo sequer tinha registro. O jeito foi tirar um provisório assim que passou nos testes para Floribella. Hoje, está matriculado num curso de interpretação e já faz aulas de teatro.