Não foi fácil para Maria Padilha vestir a camisa para o papel que tem em Mulheres Apaixonadas. Principalmente na cena em que Hilda, sua personagem na novela das oito, tira a blusa para fazer um auto-exame nos seios. Insegura, ela chegou a telefonar para os amigos mais próximos só para saber o que eles acharam da cena. Mas difícil mesmo, ressalva ela, foi quando Hilda recebeu a notícia do médico de que o tumor era maligno e que ela teria de retirá-lo. Afinal, explica a atriz, não é todo dia que a gente leva um susto desses… “Ela está com medo? É claro que sim! Mas só tem medo quem tem coragem. Senão, vira um psicopata”, filosofa a atriz.
No dia seguinte, Maria Padilha recebeu um elogio que dissipou qualquer eventual dúvida sobre seu desempenho. A atriz Regina Braga disse que seu marido, o médico Dráuzio Varella, chorou ao ver a cena. Ele disse que viu nos olhos da atriz o medo que ele sempre vê quando dá essa notícia para as suas pacientes. “Esse elogio valeu um Oscar!”, exagera. No mesmo dia, ao voltar para casa, foi abordada por um vendedor ambulante, que enalteceu sua atuação. “É tão bonito o trabalho que você está fazendo…”, reproduz ela, emocionada.
Desde que estreou na tevê em Água Viva, novela escrita por Gilberto Braga em parceria com Manoel Carlos, Maria Padilha parece ter se especializado em fazer personagens meio amalucadas, quase vilanescas. Pela primeira vez, ela empresta sua imagem ao que se convencionou chamar de “merchandising social”. No caso, a luta contra o câncer de mama. “Achei ótimo terem associado meu nome à essa causa. Afinal, ela é nobilíssima!”, empolga-se.
Recentemente, a atriz foi convidada para gravar um anúncio para o Instituto de Mastologia e ficou surpresa ao constatar que o número de mulheres que resolveram fazer o exame preventivo depois que o assunto começou a ser discutido na novela cresceu consideravelmente. “Normalmente, essas campanhas de prevenção aterrorizam tanto que as pessoas fogem assustadas. Já o Maneco está escrevendo de um jeito que não ?venceu? as mulheres pelo medo”, analisa.
Desde o começo, Hilda se destacou como uma das mais felizes e bem-resolvidas da novela. Enquanto umas e outras apanham do marido, sofrem de alcoolismo ou enlouquecem de ciúmes, Hilda vive um casamento estável ao lado de Leandro, interpretado por Eduardo Lago. “Não vou deixar de fazer vilãs, mas estou adorando interpretar uma personagem normal, equilibrada, feminina… E olha que o Maneco quase me deu a Heloísa”, diverte-se.
Algumas mulheres que já enfrentaram a doença abordaram a atriz nas ruas para relatar suas experiências. “Sempre tive medo de ficar famosa e as pessoas não saberem o porquê. ?Mas o que ela fez mesmo?? Gosto quando sou reconhecida pelo meu trabalho”, sorri, orgulhosa.
