De olhos mais ou menos abertos

Nesta Copa do Mundo, a Globo está fazendo de tudo para manter o torcedor acordado. Como não tem concorrentes na transmissão, a única briga da emissora é com os infames horários das partidas do Mundial da Coréia e do Japão.

A transmissão dos jogos não foge muito ao lugar-comum, a não ser pelo horário. E é por causa desta autêntica “Sessão Coruja da Bola” que os locutores têm de se desdobrar. Galvão Bueno, Cléber Machado e Luiz Roberto fazem narrações ágeis e até mesmo vibrantes. Ataques simples ou um chute do “meio da rua” podem ganhar amplitude na voz deles. Em alguns momentos, até parece uma transmissão de rádio, onde uma simples defesa do goleiro é relatada como se fosse um gol iminente pelo locutor.

A maior diferença pode ser sentida nos jogos onde o narrador comparece ao espetáculo. Como as vacas andam um pouquinho menos gordas na Globo, apenas duas equipes batem ponto nos estádios da Copa. Na Coréia do Sul, Galvão tem a companhia de Arnaldo Cezar Coelho, Paulo Roberto Falcão e Carlos Casagrande. No Japão, estão Cléber Machado e José Roberto Wright. Luiz Roberto e os comentaristas Sérgio Noronha e Renato Marsilha transmitem os jogos dos estúdios da emissora, no Rio, pelo sistema “of tube”.

Várias mesas-redondas são exibidas entre as partidas. Convidados como Dadá Maravilha, Zagallo e até Pedro Bial dão opiniões nos estúdios no Brasil. Na Coréia, Galvão também comanda “debates” com a presença da equipe de comentaristas e de Pelé. As mesas-redondas, no entanto, podem ter o efeito inverso e fazer com que o torcedor opte de vez pela cama. Os debates caem no marasmo e na mesmice dos programas do gênero. Pior mesmo só as “reportagens” bizarras de Adriano, ex-participante do “Big Brother Brasil”, no quadro “Big Brou”. Totalmente dispensáveis.

Ufanismo exagerado

Galvão, porém, continua sendo um capítulo à parte. Nos jogos em que o Brasil não está envolvido, o locutor até que vem se “segurando” e deixando de lado a “dramaticidade” exacerbada que lhe é peculiar. Mas, quando a seleção de Felipão entra em campo, ele se transforma e volta a imprimir sua narração passional, com lampejos de ufanismo exagerado. Na maioria das vezes, extrapola o bom senso. Pior é quando Galvão cisma em refutar as imagens da tevê. As inúmeras câmaras nos estádios mostram que, em um determinado lance, por exemplo, a bola não bateu na mão de um adversário do Brasil. Mesmo assim, ele não dá o braço a torcer.

Com ou sem as locuções nervosas e dramáticas de Galvão, a estratégia da Globo parece estar dando certo. As audiências em horários sonolentos triplicaram e até quadruplicaram por causa dos jogos da Copa. As partidas exibidas às 3:30 h da madrugada, por exemplo, vêm atingindo médias de 11 a 17 pontos, num horário em que o Ibope registra ínfimos 2 a 3 pontos. Agora, a Globo torce para que a seleção se mantenha viva no torneio. E para que a audiência se mantenha acordada.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo