Na televisão brasileira, encontrar programas de auditório que conciliem qualidade com sucesso de público não é tarefa fácil. No caso do SBT, que adora importar formatos pré-fabricados, tudo fica ainda mais complicado. Mas uma idéia de Sílvio Santos criou na emissora uma alternativa ?retrô? para as noites de quarta-feira: o programa Rei Majestade. Semanalmente, o apresentador traz ao palco cantores que foram sucesso entre as décadas de 50 e 80, relembrando canções de seus repertórios.
Em cada programa, cinco veteranos artistas se apresentam. Além de cantarem a música de maior repercussão na carreira, interpretam também uma canção atual do repertório de um outro artista. Depois que todos se exibem, a platéia presente elege qual deles deve ser contemplado com uma coroa de prata. E a premiação não pára por aí. No decorrer da semana, os telespectadores podem escolher pela internet quem merece a coroa de ouro. Todos os agraciados com o ornamento participarão de uma grande final, ainda sem data definida, quando serão escolhidos três nomes para gravar um CD de Rei Majestade, composto por músicas antigas e atuais.
O mérito maior de Rei Majestade está no fato de o SBT conceder espaço a esses músicos que atravessaram longas fases de ostracismo nas emissoras de televisão. Se ficaram tanto tempo afastados da mídia, mas jamais se distanciaram dos shows e da música, é óbvio que esse sumiço foi involuntário. E sua indisfarçável gratidão pela nova oportunidade televisiva é um dos pontos altos do programa.
A verdade é que, aproveitando o filão do ?revival? dos anos 80s que se materializou em forma de festas por todo o país, Sílvio Santos foi mais a fundo, voltou ainda mais no tempo e agradou. Prova disso é que, com a presença de nomes como Amado Batista, Martinha, Bebeto, Trio Los Angeles, entre outros, o programa garante média de oito pontos no horário, alcançando picos de 16. O que quase sempre deixa o SBT atrás apenas da Globo. E se antes o argumento para esse bom resultado era a transmissão do Ídolos, que antecedia o Rei Majestade, agora que o concurso acabou ficou comprovado que o programa tem seu público próprio.
O tom é o popularesco de sempre. A iluminação, o cenário e as dançarinas ao fundo também têm o gosto duvidoso habitual. Mas há o que elogiar. Primeiramente a orquestra, que acompanha os participantes ao vivo, e depois a postura dos cantores, todos educadíssimos. Ficam evidentes ainda outros pecados, como os trajes usados por determinados artistas – que, pelo excesso de brilho, caem no ridículo – e a recorrente falta de tato de Sílvio Santos com certos convidados. Mesmo assim, em uma programação entulhada de mesmices, Rei Majestade é um diferencial.