O caso da Dave Matthews Band é curioso: uma banda que emplaca sete álbuns seguidos no topo da parada da Billboard americana (um recorde global) é uma das mais odiadas por fãs em todo o espectro da música. O show no Palco Mundo do Rock in Rio 2019 dá amostras do porquê isso acontece.
Com uma fusão de pop rock, música country e rock progressivo, a banda faz um estilo de festa que agrada uma parte do público mais próximo ao palco, mas ao mesmo faz sentar no chão aqueles mais distantes, provavelmente aguardando os sucessos do Bon Jovi, headliner da noite.
A DMB, como é conhecida, é uma legítima banda de bar: com metais e vários músicos virtuosos, ela passeia pela trajetória dos seus discos esticando as poucas 13 canções do setlist em praticamente duas horas de apresentação.
“Se vocês souberem, podem cantar, mas não é uma exigência. Estamos muito felizes de estar aqui”, admite o vocalista, sul-africano de origem, mas com a carreira toda formada nos EUA.
Num dia com uma Cidade do Rock esvaziada (o festival não divulgou números oficiais, mas os espaços em branco estavam notadamente presentes), a sensação é que o DMB entregou um show protocolar, com sucessos como So Much To Say e Crash Into Me, do álbum Crash, de 1996, na lista de álbuns definitivos do Rock and Roll Hall of Fame.
Uma das dualidades da banda é justamente o contraste entre assuntos sérios e sombrios e jams dançantes e intermináveis, com solos de guitarra, saxofone, trompete e teclados. Dá pra sentir saudade da E Street Band de Bruce Springsteen, atração do festival em 2013.
Mais ao final, é possível ver um traço de sensualidade no show, mas ele vem de uma versão de Prince, Sexy MF, que engata em um trecho de Back in Black, do AC/DC, dois artistas que já passaram pelo palco do Rock in Rio (e Prince infelizmente não vai voltar). Back to Black é interpolada com as vozes de Stayin’ Alive, provando o valor de banda de bar do DMB.
Prestes a fechar o primeiro fim de semana do Rock in Rio, Dave Matthews fechou o show com Ants Marching, música de 1993, que abriu o espaço para o Bon Jovi na expectativa de um show mais carismático.