Ex-modelo, escritora e jornalista, Danuza Leão morreu nesta quarta-feira (22), no Rio, exatos 30 anos depois de lançar um manual de etiqueta diferente e totalmente autoral, que ficou meses na lista dos mais vendidos do país. “Este livro quer facilitar a vida de uma tribo que trabalha, tem dinheiro mas não muito, deseja saber das coisas mas não tem tempo nem paciência para decorar regras”, explicou a autora no prefácio de “Na Sala com Danuza”. O best-seller trazia sua visão de mundo, às vezes polêmica, em pequenas crônicas da vida em sociedade e dicas, muitas dicas. Selecionamos 20 delas:

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Nunca tente roubar a empregada de sua amiga, essas coisas não se perdoam.

Tratar uma pessoa mais velha por você é uma coisa que, contrariando todas as regras, costuma alegrar muito o coração de um idoso.

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É bom sempre tratar as pessoas da mesma maneira. Tratar melhor quando está precisando de alguma coisa e mudar o tratamento quando não está mais é uma vergonha. Quando acontece comigo (e acontece), fico péssima, me sinto usada, não tem sensação pior.

A graça e o humor devem acontecer na hora, espontaneamente. Daí o pavor que é, numa mesa, um contador de anedotas. Evite, evite. Mesmo que a piada seja ótima.

Não obrigue a pessoa a ter que pedir de volta o que te emprestou. Nada mais constrangedor. E mais: a displicente costuma fazer comentários tipo “mas que coisa, por causa de um simples livro”. Pois é.

Palitar os dentes. Não devia nem falar, mas vou. Nem pensar, mas nem pensar mesmo. Só escondida, trancada no banheiro, luz apagada.

Aceite o amigo como ele é. Se a maneira dele ser te incomoda, afaste-se. Conviver e ficar falando mal, qual é a sua?

Pintou baixaria e começaram a falar da vida dos outros. Mal, naturalmente. Procure não contribuir para que o assunto floresça. Mas como ninguém é Madre Teresa de Calcutá, pode ser que você tenha uma novidade daquelas irresistíveis. Mesmo assim, lembre-se: um fato comentado entre duas pessoas é uma coisa, mas numa roda tem peso maior, é bem mais grave. Assuntos ferinos incendeiam, não se pode negar. Mas não chegue ao ponto de preferir perder o amigo à piada.

Não seja radical em suas opiniões. Tenha flexibilidade para mudar, se ouvir uma melhor que a sua.

Também discorde. Se todo mundo estiver de acordo, morre o assunto.

Não economize elogios. Se você acha uma pessoa bonita, um prato saboroso, uma casa aconchegante, diga, diga, diga. Dê prazer aos outros.

Exibir erudição é pedante e antipático. Se você for mesmo muito culto, finja ser apenas médio. Seja modesto.

Quando entra uma pessoa famosa numa festa, por ser rica, poderosa, ou uma estrela, fique frio. Nada mais constrangedor que o puxa-saquismo explícito. Não dê vexame. Quando estiver ao lado dessas pessoas, não fique dizendo que conhece ou é amigo de A, B ou C, para mostrar que você também é importante. Aliás, se você e mesmo, nunca vai fazer isso.

Vai contar uma história e sentiu que, exagerando, fica melhor? Vá em frente, sem o menor pudor.

Quando te perguntarem “Oi, tudo bem?” não engrene com um “Ah, minha filha, com uma gripe!” e aí, os detalhes. Sobretudo, não diga o nome dos remédios que está tomando.

Cuidado com o excesso de sinceridade. Defenda a monarquia com veemência, às vezes, só para provocar.

Nos dias de hoje é perfeitamente natural que se telefone para um amigo, amiga, dizendo: “Vamos jantar, eu, Simão, Antônio, cada um paga o seu, quer vir?” Depois dessa primeira vez, já fica estabelecido que as contas com esse grupo serão divididas, e não se fala mais nisso. Mas quando telefona um amigo tipo rico, e te convida, não se mexa. É distribuição de renda.

Num casal, um dos dois é famoso e o outro nem tanto. Não cometa a indelicadeza de só dar atenção ao famoso.

Não conte o último assalto de que você foi vítima —ninguém aguenta mais.

Cuidado com o dedinho ao segurar qualquer xícara. Ou um copo. Se ele insistir em levantar, use um esparadrapo ou Superbonder.

Seja boa colega de trabalho. Se ofereça para quebrar um galho, seja leal com os companheiros. Nunca faça comentários desagradáveis sobre a firma em que trabalha, sobre seu chefe. Corredores e bebedouros têm ouvidos. Cuidado, emprego está difícil. E não venha com a história de “meu chefe implica comigo”. Nunca houve chefe que implicasse com um bom funcionário, que trabalha bem e não cria caso.

Faça uma autocrítica e pense se isso não passa de desculpa para você mesma.

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