Danny Boyle soltou um palavrão quando soube que Ridley Scott estava fazendo um filme, “Todo o Dinheiro do Mundo”, sobre o sequestro de John Paul Getty III em 1973 e a recusa de seu avô, John Paul Getty, um dos homens mais ricos do mundo, em pagar o resgate. Sua série de televisão “Trust”, que estreia no Brasil nesta segunda-feira, 2, às 21h, no Fox Premium 1, tratava do mesmo episódio. Mas o roteirista Simon Beaufoy (de “Quem Quer Ser um Milionário?” e “Ou Tudo Ou Nada”) explica que a série em dez episódios não é exatamente sobre o sequestro. “É um exame da dinastia por meio do sequestro”, disse ele, ao jornal O Estado de S. Paulo, em entrevista em Pasadena, na Califórnia. “Três gerações dessa família, de certa forma, provocam o sequestro desse menino e não querem pagar o resgate. O menino só foi sequestrado porque quis fugir de ser um Getty. Para mim, é uma parábola sobre a riqueza. Todos queríamos ter tanto dinheiro, mas ele também é uma maldição, um peso. Os Getty são viciados, quase todos morreram cedo. É uma família marcada pela tragédia, em grande parte por causa de sua riqueza”, explica.
Boyle, que dirigiu três dos episódios, reuniu um elenco interessante para sua aventura na televisão. Donald Sutherland é o bilionário John Paul Getty, nessa época já radicado na Inglaterra. Seu neto, o sequestrado, é interpretado por Harris Dickinson. Hilary Swank vive a mãe do garoto, Gail Getty. E Brendan Fraser surpreende no papel de James Fletcher Chace, o solucionador de problemas do patriarca da família. “Faria qualquer coisa com Danny Boyle”, disse Fraser. “Ele é contagiante em sua energia.”
Simon Beaufoy também não esconde o fascínio pela história maluca de Getty, que tinha cinco mulheres em sua casa, um leão de estimação e usava uma droga experimental parecida com o Viagra, só que injetada diretamente no seu pênis – tudo isso aos 80 anos de idade. “É como Downtown Abbey sob efeito de LSD”, afirmou. Tanto Danny Boyle quanto Simon Beaufoy, que são mais conhecidos por seu trabalho no cinema, ficaram encantados por sua experiência na televisão. “É demais, por que ninguém tinha me dito antes?”, brincou o roteirista.
Boyle acrescentou: “O melhor foi a ousadia do canal (o FX). Eles ficavam insistindo nessa palavra, mas não acreditei muito até realmente comprovar. E foi assim. Acho que o sucesso das narrativas longas é tão grande que eles têm permissão de arriscar. Fiquei surpreso, porque no cinema isso está desaparecendo, a não ser que você consiga ser arrojado com US$ 3 milhões, o que é difícil”. Boyle e Beaufoy já têm planos para a segunda temporada, que vai explorar como Getty se tornou esse homem que não queria pagar o resgate do próprio neto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.