Daniel Johnston se apresenta em São Paulo

Brian Wilson, Syd Barrett, Nick Drake, Ian Curtis, Kurt Cobain, Daniel Johnston. A lista de grandes que sofreram ou sofrem de transtornos mentais é lamentada há tempos dentro do folclore pop. Estica-se de Beach Boys a Nirvana, The Kinks a Amy Winehouse.

Já o rol dos que, entre estes, não se entregaram ao suicídio ou à autodestruição é, infelizmente, menor. Portanto, um ar de solidariedade deve tomar conta do Beco, nesta sexta-feira, 26, quando o lendário Daniel Johnston subir ao palco da casa para fazer o show que cancelou em março. Na época, a produção do festival Popload Gig, que traz o músico de 52 anos, revelou que Johnston chegou a despachar as malas, mas deu meia-volta, inseguro, antes de embarcar para a América Latina. Já tocou nesta quarta-feira em Buenos Aires, e se nada o assustar, fãs e connaisseurs de seu intimismo pop devem ouvi-lo em ação.

Trata-se de um show de valor histórico. Johnston batalha contra um transtorno bipolar há anos. Mora com seu pai, em Waller, no Texas, e é considerado um herói do pop caseiro há quase três décadas. Foi idolatrado por Kurt Cobain, interpretado por Beck, Tom Waits e Wilco. David Bowie, outro de seus fãs, chegou a dizer que sua música tem “letras belas, embora dolorosas, e melodias que agarram o coração como veludo congelado”. Sua produção data do início dos anos 1980 e inspira indies desde o começo dos 90.

No palco, apresenta-se em frente de uma banda, lendo as letras de um livrinho chamado “Daniel Johnston’s Songbook”. Desafina, mas sua alma e música ecoam indiscutível paixonite. Parecem filtrar o romance adolescente dos girl groups sessentistas através da linguagem de rock and roll de baixa fidelidade. Suas canções habitam um mundo extremamente pessoal que parece coincidir, por mero acaso, com a realidade.

Nas letras, símbolos pessoais de Johnston, como os Beatles, Capitão América e Gasparzinho, coexistem com declarações românticas admiravelmente sinceras. A verdade em seus versos é tão penetrante, que parece ser um fio de que a sanidade de Johnston depende. Isto não é um exagero. Muito de sua produção oitentista foi gravado antes do transtorno realmente se apossar de Daniel. Em um banco de levantar pesos, na garagem de seu irmão, com um microfone ligado a um sistema de som. As canções eram reproduzidas em fitas cassete e Daniel as distribuía continuamente, sempre se apresentando com um “Oi, sou Daniel Johnston e eu vou ficar famoso”. Em 1985, chegou a participar de um programa da MTV e virou um herói da cena local de Austin.

Além de ser músico, Johnston tem uma prolífica produção de desenhos, que já foram expostos na Bienal do Whitney Museum, em Nova York, em 2006. Trata-se de retratos psicodélicos pintados a caneta que, na época, foram vendidos por mil dólares cada um. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

DANIEL JOHNSTON

Beco 203 (Rua Augusta, 609, metrô Consolação). Telefone: 2339-0358. Sexta, às 21h30. R$ 80/ R$ 160.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo