Um galpão de 2.400 m², onde funcionava a marcenaria da TV Cultura, no bairro da Água Branca, em São Paulo, se transforma agora no primeiro espaço de projeção e imersão da América Latina. Braço do Museu da Imagem e do Som, o MIS Experience será inaugurado no sábado, 2, com uma grande exposição dedicada a Leonardo da Vinci (1452-1519), nos 500 anos da morte do artista italiano.

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Que o leitor não espere encontrar a Mona Lisa ou outro original do artista. Longe disso. Há, sim, reproduções de telas, como de A Dama com Arminho (1490) ou de seu famoso autorretrato, mas essas tentativas de se aproximar do original são meramente ilustrativas e a experiência de vê-las ali está muito distante da sensação de ver um original num museu tradicional.

O diferencial de Leonardo da Vinci – 500 Anos de Um Gênio, mostra idealizada por Bruce Peterson, da Grande Exhibitions (com mostras de Van Gogh e Alice no País das Maravilhas no currículo), e que já passou por lugares tão diferentes quanto Bogotá, Macau, Johannesburgo e Washington, é justamente a sala em que o visitante entra assim que passa pelo módulo das pinturas renascentistas. Ela é grande, e os telões enormes – o pé direito do espaço é de 10 m -, com seu jogo de projeções em alta definição e duração de pouco mais de 30 minutos, convidam as pessoas a entrar na obra de Leonardo da Vinci. Quando o visitante se dá conta, está cercado por imagens e recortes, por exemplo, da Última Ceia, um dos trabalhos mais icônicos do artista, e de tantos outras obras. Há música, luzes, animação – e até o piso vira espaço de exposição.

A mostra é dividida em 18 temas, explica Peterson. “A (exposição) de São Paulo é a maior que já montamos no mundo.” A ideia, segundo o idealizador, fanático pelo artista há pelo menos 15 anos e que passou um ano na Itália imerso no universo de Da Vinci para conceber esse projeto, é mostrar as várias facetas do artista. Ou, em suas palavras, “criar uma exposição que colocasse toda a sua genialidade em um só espaço”. Da Vinci foi o maior gênio de todos os tempos? É com essa pergunta que o visitante se depara logo na entrada, e os organizadores tentam provar que sim.

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Por meio de réplicas de suas invenções, construídas depois de muito estudo de seus esboços e códices, e do árduo trabalho de artesãos italianos, conhecemos o Da Vinci inventor, pintor, escultor, cientista, anatomista, engenheiro, arquiteto e filósofo. Suas citações – por vezes com um quê de autoajuda – estão também estão espalhadas pelo espaço expositivo.

São 70 réplicas, incluindo uma máquina voadora vertical, um equipamento de mergulho, bala ogival, canhão a vapor, uma ponte de segurança, uma catapulta, um piano portátil, uma sala de espelhos, sua máquina de perspectiva, um carrinho operado por manivela, uma bicicleta. E até sua cidade ideal – depois da peste bubônica de 1484, que se espalhou rapidamente pelas ruas estreitas e matou boa parte da população, alguns arquitetos – e Da Vinci – começaram a pensar nessa questão. O artista, por sua vez, criou projetos de cidades multiníveis.

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Há, ainda, fac-símiles de seus códices e dos estudos de anatomia, desenhos da batalha de Anghiari e, claro, reproduções do Homem Vitruviano.

Caminhando para o fim da exposição, surgem várias Mona Lisas (tem até, já quase na porta de saída, uma desenhada por Mauricio de Sousa). Essa parte final é fruto de uma parceria com o engenheiro e fotógrafo Pascal Cotte, consultor do Louvre e de outras instituições, que fez um amplo estudo acerca do mais famoso quadro de Da Vinci – estima-se que ela seja vista por 8 milhões de pessoas por ano no museu francês.

Em 2004, a pintura foi removida de sua moldura e Cotte pôde fotografá-la. Na mostra, ele apresenta 25 segredos de Mona Lisa, como indícios de tentativas de restauração, alterações no aspecto dos pigmentos com o passar dos séculos e, mais importante, e a informação de que o rosto que vemos hoje no Louvre pode não ser o que Da Vinci imaginou. Todos esses detalhes são explicados ali, e essa é área, que conta ainda com um painel com a história da obra, além de reproduções da tela com diferentes tonalidades e recortes, é a mais informativa da exposição.

O investimento foi de R$ 8,5 milhões e, segundo o governador João Dória, foi feito em sua totalidade pela iniciativa privada. O galpão foi cedido pela TV Cultura para o MIS Experience e a ideia é que ele se transforme num importante museu digital.
Segundo Marcos Mendonça, diretor do MIS, o espaço deve abrigar outras exposições internacionais nessa mesma linha e também mostras produzidas aqui sobre artistas brasileiros – que vão poder, inclusive, ser levadas para outros países, como ele disse na manhã de ontem, 30, durante a coletiva de imprensa que apresentou o novo museu.

A expectativa é de um número alto de visitantes até 1.º de março de 2020. Antes da inauguração, já foram vendidos 14 mil ingressos. A entrada custa R$ 30 e é gratuita às terças. Se for em dia de sol e de grande público, previna-se: não há sombras na frente do museu. E, segundo Dória, a segurança vai ser reforçada na região. O MIS Experience fica na Rua Vladimir Herzog, 75, e abre de terça a domingo, das 10h às 20h.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.