Havia pelo menos um curta deslumbrante no recente Festival de Gramado, mas você não verá Dá Licença de Contar, de Pedro Serrano, no Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que começa nesta quarta, 19. Na serra gaúcha, a equipe do curta – que usa como fio narrativo as letras de canções clássicas de Adoniran Barbosa – contou ao repórter que perdeu o prazo de inscrição. Será preciso outro foro, talvez a Mostra de Cinema, em outubro, para ver Dá Licença de Contar, mas atrações não faltarão nesta que é a 26ª edição do maior evento de curtas-metragens do Brasil, não apenas de São Paulo.

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A abertura, nesta quarta à noite, no Sesc Pinheiros, terá a presença de autoridades e de importantes convidados nacionais e internacionais. Entre outros – Matthew Darragh, de Uma Ode ao Amor, coprodução entre Irlanda, Grécia e Nova Zelândia, que participa da Mostra Internacional; Ramiro Zamorano, de Roupa Suja ao Sol, do Chile; e os brasileiros Alice Jardim, de Entre Céus; Angelo Defanti, de Um Dia; Diego Akel, de Fluxos; Fabricio Ramos, de Muros; Juliana Vicente, de As Minas do Rap; e Tata Amaral, de Pedra Que Dorme, Pedra Que Canta. Da seleção de Gramado serão exibidos Bá, de Leandro Tadashi, vencedor do prêmio do público, e Herói, de Pedro Figueiredo, que ganhou o Kikito de melhor atriz da categoria. Só para lembrar – Figueiredo foi o leitor jovem do Estado que, anos atrás, integrou o júri do festival, numa parceria do jornal com a realização do evento.

Desta terça, 18, até 30 – domingo da próxima semana -, o festival, como de hábito, dará a volta ao mundo, exibindo 351 curtas de 52 países. Somente do Brasil, 15 Estados estarão representados nas três mostras que dão conta da produção nacional. O festival apresenta um grande programa internacional e outro, latino. O tema deste ano é a mobilidade urbana. A questão, muito presente no cotidiano dos moradores da cidade, será apresentada em filmes de diferentes países reunidos em quatro programas especiais: Carro – Um Trajeto, Personagens em Deslocamento, Mobilidade Humana e Vélo. Os dois primeiros têm curadoria dos realizadores do curta documentário É, sobre estacionamentos e especulação imobiliária, que foi exibido no ano passado.

“São Paulo é uma cidade muito acolhedora que tem a tradição de receber pessoas de todo o mundo, seja para morar ou simplesmente em trânsito”, reflete Zita Carvalhosa, criadora do festival. E ela prossegue – “A questão do carro, do ônibus, das bicicletas, tudo isso está nas ordem do dia, mas nosso objetivo é apresentar filmes que extrapolem uma visão estreita e permitam às pessoas refletir sobre nossa relação com o espaço urbano.” O festival tem patrocínio da Petrobrás e ocorre em sete locais, com entrada grátis – Museu da Imagem e do Som (MIS), Cinesesc, Cinemateca, Cine Olido, Cinusp, Centro Cultural São Paulo e Espaço Itaú de Cinema Augusta.

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Nesse mais de quarto de século desde o começo do festival, o curta deixou de ser o único formato produzido no País, como chegou a ser em certa época, após o famigerado Plano Collor. Com a democratização dos meios – o digital -, ficou mais fácil produzir e o número aumentou muito. Este ano, inscreveram-se 3.700 títulos. Só de brasileiros, foram 600. “E o importante é destacar que o aumento da quantidade não comprometeu a qualidade”, observa Zita. Entre mais de 350 títulos, ela acha difícil destacar meia dúzia. Mas fala da sua menina dos olhos deste ano. “Vamos apresentar um programa de curtas ingleses e também ter um encontro de Marco Dutra com Simon Ellis, premiadíssimo por Soft, no MIS. Vão debater as possibilidades narrativas do formato, muito interessante”, acrescenta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.