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Curitibano prefere Festa Junina a Carnaval; conheça os hábitos culturais de quem mora em Curitiba

Mais fogueira e pinhão e menos confete e batucada. Entre os brasileiros que vivem nas grandes capitais do país, o curitibano é o que menos se entusiasma com o Carnaval da própria cidade. Apenas 6% afirmaram ter frequentado o Carnaval de Curitiba no último ano, segundo a pesquisa Cultura nas Capitais que fez um levantamento sobre os hábitos culturais dos moradores das principais cidades do pais. Em matéria de festa popular, o curitibano prefere – com muitos corpos de vantagem – as festas juninas (68%).

A mesma pesquisa ainda aposta que Curitiba é a capital brasileira que mais vai ao Museu. Apesar de ostentar o recorde nacional compartilhado, ir ao museu não é a atividade cultural preferida dos curitibanos. Segundo o grupo que respondeu à enquete, as atividades preferidas são a ida ao cinema (68%) e leitura de livros (67%).

O pouco apreço às festas carnavalescas deixa Curitiba em último lugar na comparação com as outras 11 maiores capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília. O Carnaval entrou na pesquisa como parte do quesito festas populares.

Olhando para o recorte do Brasil, 36% dos entrevistados disseram que as festas populares são sua atividade cultural preferida. Entre as festas populares, as festas juninas são as que tiveram maior citação de frequência pelos entrevistados (76%), à frente do Carnaval (21%), segunda festa mais citada no geral.

Mesmo em outras cidades carnavalescas, os números da pesquisa surpreendem quem imaginava que no país do Carnaval a festa dominasse o imaginário popular. Em Salvador, famosa por seu Carnaval de trios-elétricos, apenas 25% dos moradores disseram ter ido, no período de um ano, a algum bloco.

Empatado com a festa da Uva

Em Curitiba, a predileção dos curitibanos pelo próprio Carnaval aparece depois das festas juninas (68%), dos eventos que celebram as comunidades étnicas (10%) – festas polonesas, italianos, japoneses, alemães em especial – e das festas religiosas (7%). A “festa do Rei Momo” está apenas um ponto percentual acima das festas gastronômicas como a festa da Uva ou da Tainha.

Os números, portanto, estão mais próximos de um senso comum que diz que o curitibano deixa o próprio Carnaval em segundo plano do que ao movimento de retomada das festas de pré-carnaval e blocos de rua visível nos últimos anos, de eventos carnavalescos alternativos bem-sucedidos como o Zombie Walk ou o PsychoCarnival e de investimentos públicos no Carnaval de rua.

Para o compositor de sambas-enredo Franco Cava o número revelado pela pesquisa é surpreendente e bom diante das restrições que a festa sofreu em Curitiba. Ele culpa “projetos políticos e culturais domesticadores das camadas populares que traziam a ideia de que carnaval é sinônimo de alienação e não de cultura”.

Espécie de “cidadão-carnaval” da cidade, o ex-presidente de escola de samba (Não Agite), mestre-sala, ritmista, diretor municipal de carnaval e folião em tempo integral, Carlos Mazza disse que, ainda que com suas peculiaridades o Carnaval curitibano faz bem para a alma do povo. “Para mim, tinha de ser Carnaval todo dia”.

Dados da Pesquisa

A pesquisa Cultura nas Capitais entrevistou 10.630 pessoas nas 12 capitais mais populosas do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Manaus, Recife, Porto Alegre, Belém e São Luís. Estima-se que 33 milhões de pessoas vivam nessas cidades.

Trata-se do maior levantamento sobre o tema já feito no Brasil e analisa o comportamento cultural de moradores de 12 metrópoles de todas as regiões do Brasil. Desenvolvido pela JLeiva Cultura & Esporte, responsável pela análise dos dados, e pelo Datafolha, a cargo do levantamento de campo e processamento das informações, o estudo abordou 602 moradores de Curitiba, em locais de fluxo, entre 14 de junho e 27 de julho de 2017, sobre suas práticas culturais ao longo dos 12 meses anteriores.

O questionário, com 55 perguntas, para como os hábitos culturais fazem parte da rotina dos brasileiros, relacionando-os a fatores como sexo, idade, escolaridade e renda.Todas essas informações estão também disponíveis para acesso público e gratuito no site Cultura nas Capitais.

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