Curitibano no horário nobre

o dia mais frio do ano em Curitiba, enquanto os termômetros marcavam perto de zero grau, na última terça-feira, o ator e músico curitibano Alexandre Nero, 38 anos, encarava sua nova rotina, no Rio de Janeiro – onde os termômetros marcavam temperaturas acima dos 20 graus – e curtia a sua estréia em uma novela global em pleno horário nobre. Artista multimídia e com uma carreira consolidada no Paraná, Nero agora faz parte do elenco de A favorita, trama que estreou há menos de um mês na faixa das 21h. Na novela, ele é Vanderley, um comerciante viúvo que desperta a atenção de Catarina, personagem de Lília Cabral.

Acostumado ao cinema e ao teatro, Nero conta que encarar a linguagem televisiva em uma trama diária está sendo uma revolução tão grande quanto foi a surpresa de ser chamado para o papel. ?Nunca fui bater na porta da Globo. Eles me descobriram no Festival de Teatro do ano passado e me convidaram para o Casos e acasos (especial que foi ao ar em dezembro). A preparadora de elenco gostou do meu trabalho e me indicou para os diretores?, comenta o artista.

Em seu núcleo na novela estão atores como Tarcísio Meira, Chico Dias e Jackson Antunes. ?Minha primeira cena foi com a Lília (Cabral). Fiquei muito nervoso.? Sobre seu personagem, ele sabe ainda muito pouco, mas a previsão dos diretores do folhetim é que Vanderlei ganhe espaço no decorrer da trama.

Como ator, Nero tem em seu currículo diversas peças teatrais (Os leões; Agora é que são elas; Lingüiça no campo) e alguns trabalhos no cinema (Corpos celestes; O preço da paz). Mas é no palco, com um violão e um microfone, que ele realmente se sente em casa. Atualmente, está à frente ?apenas? do Denorex 80 – a banda de escracho geral que por várias temporadas seguidas tem balançado o público curitibano – e da Maquinaíma, que mistura vários ritmos e batidas, resultando num som quase psicodélico. Até o ano passado, ele ainda fazia parte do Grupo Fato, onde ficou por cerca de dez anos.

Com tanto trabalho fora da tevê, não é difícil encontrá-lo nos bares de Curitiba. Seja na Aoca, às sextas-feiras, quando se apresenta com a Maquinaíma, seja no Yankee, quando consegue aterrizar a tempo de acompanhar os colegas da Denorex 80.

Música, teatro e publicidade, são trabalhos tocados simultaneamente aos milhões de projetos que ainda estão em fase de ebulição na cabeça de Nero. Sua página na internet (www.alexandrenero.com.br) é um exemplo disso. Por mais atualizada que esteja, não acompanha o ritmo do artista, que parece incansável. Lá ele dá o recado aos fãs e amigos, pede desculpas pela falta de tempo e banca seu próprio assessor de imprensa, divulgando os próximos eventos.

Pé no chão

Com uma carreira artística de quase 20 anos, Nero mantém o perfil ?pé no chão? e tenta não se empolgar com a ?vênus platinada?. Pelo menos não antes da hora. ?Sei que este trabalho pode significar muito para mim, atrair outros. Mas se o personagem não crescer, as pessoas vão mudar de canal e me esquecer. É uma possibilidade com a qual eu tenho que trabalhar?, analisa, consciente. ?Claro que às vezes eu me pego emocionado, porque a telenovela faz parte da vida de quase todo brasileiro. São as minhas referências de infância, a emoção vem à tona?, confessa o ator.

Criado no palco, o discurso de Nero é o de quem sabe o valor da interpretação e do contato direto com o público. ?É triste ainda perceber que muitas pessoas só valorizam o trabalho do ator quando ele está na Globo. O trabalho como Vanderley está sendo muito legal, é uma experiência nova, mas fiz muita coisa legal fora da tevê também?, argumenta, destacando que a principal vantagem da televisão é justamente a visibilidade que proporciona ao artista.

Nero não parou com seus projetos em Curitiba, onde passa os finais de semana, sempre trabalhando muito. Mas claro que precisou diminuir o ritmo por causa das gravações no Rio, onde fica à disposição dos diretores da novela. ?Para mim está sendo um investimento, até porque financeiramente eu ganho mais em Curitiba?, avalia. Nem mesmo a idéia de se mudar ?de mala e cuia? para o Rio de Janeiro o contaminou. Pelo menos até o momento. ?Eu tenho quase 40 anos e uma carreira consolidada em Curitiba. Por enquanto, mudar daqui não está nos meus planos?, afirma o ator, que é casado com a atriz Fabíula Nascimento, revelação este ano no longa Estômago. ?Por causa do Estômago, a Fabíula já recebeu convites para participar de outros filmes. São várias novidades para nós, estamos até um pouco assustados com tudo isso, mas está sendo ótimo perceber que nosso trabalho e talento estão sendo reconhecidos?, finaliza. 

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