O trabalho voluntário de musicalização com crianças carentes a partir de zero ano, desenvolvido pela jovem curitibana Luiza Waden, de 17 anos, sensibilizou o júri do Prêmio Violet Richardson, promovido pela Associação Soroptimista. Entre candidatas finalistas de todo o Brasil, ela foi a escolhida para representar o país na fase internacional que acontece em julho na cidade de Philadelphia, nos Estados Unidos. Quarta-feira próxima, dia 3 de junho, às 20 horas, Luiza Waden recebe o prêmio de US$ 1 mil durante um jantar que acontecerá no Hotel Lizon, em Curitiba.
Há três anos esse projeto vem sendo realizado sem qualquer publicidade. Começou com o atendimento de crianças entre 4 e 5 anos, mas, após ser reformulado, voltou-se à faixa etária de zero a três anos de idade. Diz Luiza que esta fase significa “um momento crucial na vida de uma pessoa. Aquilo que acontece nesse período é muito importante e determina muitas coisas”. Desde então a atividade ocorre com as internas do Lar Antonia.
Devido ao tempo dedicado aos estudos escolares, aulas de canto e mais as pesquisas para montar as atividades que serão levadas no Lar Antonia, restaram à Luiza Waden as tardes de domingo, que ela ocupa realizando o voluntariado. Com formação em canto lírico, Luiza toca e canta para a platéia mirim, algumas vezes distribui partituras, e promove o acesso das crianças a instrumentos como o violão, flauta, cítara, para que elas próprias descubram os sons.
A sonoridade gera efeitos benéficos, como testemunham as funcionárias que trabalham no Lar. Elas disseram que houve mudança no comportamento da garotada. Algumas que eram mais irritadiças e com tendência a serem agressivas, tornaram-se mais calmas. “Também o equilíbrio emocional, a relação entre elas mesmas melhorou muito, principalmente a concentração e a disciplina daquelas que estão indo para o maternal”, comenta Luiza.
Em alguns casos percebe-se o talento nato de futuros músicos. Um menino, adotado recentemente, “tinha propensão gigantesca à música”, conta Luiza. Ela convenceu a mãe do garoto a dar continuidade a esse processo, colocando-o numa escola especializada.
“Cada um tem que fazer seu pequeno pedaço de ação e essa é a melhor maneira que achei de fazer a minha parte, que é com música, e é o que mais amo fazer. Como cidadã preciso retribuir isso para a sociedade, para outras crianças que provavelmente não teriam essa mesma chance que eu tive. Vejo isso como a minha tentativa de melhorar a humanidade”, conclui Luiza.