Ana Botafogo se prepara para retornar ao Guairão, vivendo a Fada Açucarada. |
A primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio, Ana Maria Botafogo Fonseca Marcozzi, carioca, nascida no dia 9 de julho, fez de Curitiba seu segundo palco. Há anos ela veio dançar pela primeira vez em nossa capital, gostou e adotou a cidade, para onde tem vindo seguidamente. Poucas horas antes de tomar o avião de volta ao Rio, concedeu entrevista a O Estado. Ana Botafogo voltará à Curitiba em dezembro para dançar Quebra-Nozes, no Teatro Guaíra, no qual fará o papel da Fada Açucarada.
O Estado ? O nome não é artístico?
Ana ? Não, minha família é do início da cidade do Rio, e a Praia de Botafogo deveria ser a terra que pertencia à família. Sou descendente de portugueses e italianos.
O Estado ? Quantos quilos você pesa?
Ana ? 44 kg, e 1, 70 de altura.
O Estado ? Onde você começou seus estudos?
Ana ? No externato Cristo Redentor, e depois no Colégio Santa Úrsula.
O Estado ? Como começou sua carreira?
Ana ? No conservatório da Urca, onde eu morava. Logo em seguida fui para a Academia de Ballet Leda Iuqui, que foi a primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio. E aos 18 anos fui para a França, estudar francês e ballet, e me tornei profissional.
O Estado ? O que você fez ao voltar da França?
Ana ? Quando voltei o Teatro Municipal do Rio estava em obras, e como não havia exame seletivo para fazer parte do Municipal, por coincidência estavam precisando de uma bailarina para fazer o ballet Giselle, que nunca havia sido feito. Foi a primeira vez que interpretei um papel.
O Estado ? Sua história profissional começou em Curitiba?
Ana ? Sim. Fiquei aqui dois anos e foi uma experiência maravilhosa. Com o ballet do Teatro Guaíra fomos dançar Giselle, por uma temporada, no Teatro João Caetano, no Rio. Em seguida, fui para a Associação de Ballet do Rio de Janeiro, onde fiquei um ano. Após, participei do exame no Teatro Municipal, e passei em primeiro lugar, entre cerca de cem bailarinas. Até hoje estou como primeira bailarina do Municipal.
O Estado ? No momento, como está o trabalho?
Ana ? Acabei de dançar Coppelia no Municipal. E no final do ano, em dezembro, virei para Curitiba dançar Quebra-Nozes com a escola Estúdio D, no Teatro Guaíra.
O Estado ? Quais são seus projetos para o fim deste ano e para o ano que vem?
Ana ? Neste ano vou fazer Ana Botafogo in Concert, em Natal, para a reinauguração do Teatro, e depois irei para outras cidades. Mas, meu grande projeto, que é para o ano que vem, é Ana dança Bibi, com trechos das principais peças que ela [Bibi Ferreira] fez.
O Estado ? Onde você está morando no momento?
Ana ? Minha base é no Rio, pois lá, estou a oito minutos do Teatro Municipal.
O Estado ? Como está sua vida particular?
Ana ? Estou viúva há onze meses, e acho que não pretendo me casar de novo. Fiquei casada nove anos e meio. Minha vida é só dançar, e dançar. Meu companheiro, no momento, é um cachorro da raça pug, que se chama Pu-Yi, que é o nome do último imperador da China.
O Estado ? Quantas horas você ensaia por dia?
Ana ? Ensaio seis horas por dia no Teatro Municipal, sem contar quando ensaio para os espetáculos extras. Só descanso no domingo, quando não tenho espetáculo nesse dia.
O Estado ? Como será sua visita em Curitiba?
Ana ? Estou vindo para os festejos de comemoração do Jubileu de prata do estúdio D. No dia 4 de dezembro o Quebra-Nozes será o primeiro espetáculo dessa comemoração. E tenho vindo seguidamente aqui, para fazer avaliação nas alunas mais adiantadas, e também para passar um pouco da minha experiência para essa juventude. Quero que os jovens saibam que essa profissão tem que trabalhar muito, mas vale a pena. Ao longo de toda a minha carreira, sempre tive a intenção de popularizar a música clássica. Para mim, dançar não é apenas o exercício físico, é a união dos movimentos do corpo com a arte de interpretação. Desde os 7 anos estou envolvida com a dança. Dançar foi uma opção de vida, que exigiu muitos sacrifícios e desafios, mas tudo é recompensado quando recebo o aplauso do meu público.