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Curitiba recebe temporada do Projeto Banco do Brasil de Covers

Depois do grande sucesso ao percorrer cinco capitais brasileiras, o projeto Banco do Brasil Covers chega a Curitiba, no Teatro Guaíra, de 9 a 11 de maio. Em nova turnê itinerante, depois da apresentação capital paranaense a série de shows tributo segue para Salvador (Teatro Castro Alves, de 23 a 25 de maio).

Criado para mostrar grandes nomes da música brasileira interpretando o repertório de seus compositores prediletos, a edição atual do projeto conta com três shows, dirigidos por Monique Gardenberg, que estão em cena desde o ano passado. Na programação, Maria Gadú celebra Cazuza (1958–1990), Zeca Baleiro reverencia Zé Ramalho e quatro astros do rock brasileiro – Dado Villa-Lobos, João Barone, Leoni e Toni Platão – se unem a Liminha, um dos maiores produtores musicais do país, para explicitar sua devoção ao grupo inglês The Beatles (1960–1970), com a participação de convidados especiais (André Frateschi, Marjorie Estiano, Paulo Miklos e Sandra de Sá).

Maria Gadú canta Cazuza

Quando Agenor de Miranda Araújo Neto (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990), o Cazuza, saiu precocemente de cena, aos 32 anos, Maria Gadú ainda tinha quatro anos incompletos. Mas o tempo não para e, como o cancioneiro de Cazuza nunca envelhece, a cantora e compositora paulistana logo travou contato com a obra deste cantor, compositor e poeta carioca – como qualquer brasileiro nascido após 1982.

Nesse ano, o grupo carioca Barão Vermelho – que se reunira em fins de 1981 e admitira Cazuza como vocalista após indicação do cantor goiano Leo Jaime – lançou seu primeiro disco. Foi quando começou a brilhar a estrela de Cazuza. O rock do Barão Vermelho evocava a crueza do som dos Rolling Stones, mas a poesia das letras escritas por um poeta que viria a receber a alcunha de Exagerado – por ser pautado pelos excessos, sobretudo de talento – parecia arder na fogueira das paixões que consumira, décadas antes, as canções do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974) e da cantora e compositora paulista Maysa (1936 – 1977), merecendo imediatos elogios públicos de nomes como Caetano Veloso (que sentenciaria mais tarde que Cazuza foi o poeta da geração pop dos anos 80) e Ney Matogroso.

O parentesco de Cazuza com a música brasileira ficou mais evidenciado quando o cantor saiu do Barão Vermelho, após três álbuns e um compacto gravados com o grupo, e iniciou carreira solo em 1985, gravando mais seis álbuns individuais, o último lançado de forma póstuma em 1991.

Em oito intensos anos de carreira, Cazuza deixou nada menos do que 234 músicas, sendo que uma parte ainda permanece inédita. É sobre essa vasta obra que Maria Gadú se debruçou para selecionar o repertório do show sob a direção de Monique Gardenberg. O roteiro mistura 20 músicas que passeiam pelo repertório do compositor como Todo amor que houver nessa vida (Roberto Frejat e Cazuza, 1982), O Nosso Amor a Gente Inventa (João Rebouças, Rogério Meanda e Cazuza, 1987), Mais Feliz (Dé Palmeira, Cazuza e Bebel Gilberto, 1986), Faz parte do meu show (Renato Ladeira e Cazuza, 1988), Blues da Piedade (Roberto Frejat e Cazuza, 1988) e  Ideologia (Roberto Frejat e Cazuza, 1988).

Zeca Baleiro canta Zé Ramalho
 
Zé Ramalho e Zeca Baleiro são do Nordeste. Mas a vastidão da Nação Nordestina é tamanha que ambos habitam distintos universos musicais – o que valoriza e ressalta o ineditismo do show em que Baleiro vai dar voz a músicas de Ramalho. Nome que se destacou na corrente migratória que deslocou artistas do Nordeste para o eixo Rio-São Paulo ao longo dos anos 70, em busca de maior visibilidade e oportunidades profissionais, José Ramalho Neto veio ao mundo em 3 de outubro de 1949, na cidade interiorana de Brejo da Cruz, enraizada no sertão da Paraíba.

Influenciada pela obra seminal de Luiz Gonzaga (1912–1989), sua vivência musical começa a virar profissão nos anos 60 em Jo&at,ilde;o Pessoa (PB), quando Ramalho passa a integrar  conjuntos de baile que tocavam o pop rock produzido naquela década. Mas o cantor somente se faria ouvir em todo o Brasil a partir de 1978, quando lançou seu primeiro álbum, Zé Ramalho (Epic / CBS), com sucessos autorais como Avohai (homenagem ao avô que o criou após a morte do pai), Chão de giz e Vila do sossego. O tom épico e apocalíptico da música de Ramalho já lhe valeu epítetos como Profeta do sertão e Bob Dylan da caatinga.  Pautada pelo traço de originalidade da obra do compositor, a discografia de Ramalho contabiliza 26 álbuns em 35 anos de carreira.

Nascido em 11 de abril de 1966, em São Luis, e criado em Arari, cidade do interior do Maranhão, José de Ribamar Coelho Santos começou a se tornar um grande nome da música brasileira  – como Zé Ramalho – a partir de 1997, ano em que lançou seu primeiro álbum, Por onde andará Stephen Fry? (Mza Music), já assinando como Zeca Baleiro e chamando atenção da crítica pela verve de seus versos que, não raro, são construídos com trocadilhos e jogos de palavras que explicitam espirituosa visão do mundo.

Musicalmente, a obra autoral de Baleiro é multifacetada, conciliando canções de lirismo mordaz (Flor da pele, seu primeiro sucesso, exemplifica tal vertente), temas de ritmos regionais que expõem sua origem nordestina, samba, reggae e blues. Paralelamente, o compositor foi se revelando sagaz intérprete de obras alheias – talento que pode ser comprovado nos shows em que apresentará sua personalíssima leitura do cancioneiro de Zé Ramalho. Ave de prata (Zé Ramalho, 1979), dá início à apresentação com Baleiro envolto em atmosfera meio dark.

Quase teatral, o climático começo introduz o cantor maranhense no mundo apocalíptico de seu antecessor Zé Ramalho, de quem se tornou parceiro em O rei do rock – música lançada por Ramalho no álbum Parceria dos viajantes, de 2007, e revivida por Baleiro neste tributo – e em Repente cruel (tema ainda inédito em disco). Turbinado com projeção de vídeo filmado por Baleiro sob a direção de Monique Gardenberg, Garoto de aluguel (Taxi boy) (Zé Ramalho, 1979) – música inspirada na fase pré-fama em que Ramalho se prostituiu no Rio de Janeiro (RJ) – exemplificou o bom domínio que Ramalho, artista formado nos bailes da vida, sempre teve do idioma pop. Na sequência Vila do sossego (Zé Ramalho, 1978), Táxi lunar (Zé Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo, 1979) e Avohai (Zé Ramalho, 1978) dão o tom do espetáculo.

Dado Villa-Lobos, João Barone, Leoni e Toni Platão cantam e tocam The Beatles

Nomes emblemáticos da geração que nos anos 80 abriu as portas e os ouvidos do Brasil para o rock produzido no país, o belga Dado Villa-Lobos, o brasiliense João Barone e os cariocas Leoni e Toni Platão foram garotos nascidos nos anos 60 que amaram os Beatles (e os Rolling Stones). Não necessariamente naquela década, mas tão logo ingressaram no mundo eternamente jovem do rock. O show em que o fantástico quarteto canta e toca The Beatles é afetivo acerto de contas com a memória musical de artistas que, influenciados pelos Fab Four, viveram eles mesmos o sonho de ser popstar no Brasil.

Como guitarrista, Dado Villa-Lobos integrou a já mítica banda brasiliense Legião Urbana (1982–1996) e permanece em cena em carreira solo. João Barone é há três décadas o baterista virtuoso que marca o ritmo do som do grupo carioca Paralamas do Sucesso. Projetado como compositor no grupo carioca Kid Abelha, Leoni formou uma segunda banda nos anos 80, Heróis da Resistência, e na sequência se firmou, já em carreira solo, como um dos mais habilidosos compositores de música pop do Brasil. Já Toni Platão é reconhecido como o dono de uma das grandes vozes do rock nacional desde os tempos em que era o vocalista do grupo carioca Hojerizah.  

Nos shows do projeto Banco do Brasil Covers, o quarteto canta e toca Beatles sob a direção musical de Liminha, o produtor e músico que deu forma em seu carioca estúdio Nas Nuvens a grandes álbuns do rock brasileiro dos anos 80 e 90 e que também participará da banda tocando baixo. Para abrilhantar o show, o quarteto recebe convidados como, Sandra de Sá – cantora carioca identificada no imaginário nacional com o funk/soul, mas com livre trânsito por todos os ritmos –, Paulo Miklos – vocalista dos Titãs, uma das bandas de maior sucesso do rock brasileiro – e dois atores que se revelaram ótimos cantores, André Frateschi e Marjorie Estiano.

 
Com 26 canções o roteiro embaralha músicas de todas as fases do quarteto de Liverpool. All my Loving (John Lennon e Paul McCartney, 1963), Eight Days A Week (John Lennon e Paul McCartney, 1964), Octopus Garden (Ringo Starr, 1969), Come Together (John Lennon e Paul McCartney, 1969), Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (John Lennon e Paul McCartney, 1967), With a Little Help Of My Friends (John Lennon e Paul McCartney, 1967), Lucy In The Sky With Diamonds (John Lennon e Paul McCartney, 1967) e Strawberry Fields Forever (John Lennon e Paul McCartney, 1967) são alguns dos clássicos que embalam a noite.

Serviço:

Teatro Guaíra (Rua Quinze de Novembro, 971, Centro – Curitiba)

Ingressos: de R$ 40 a R$ 140

Dia 09 de maio, sexta-feira, às 21h

Zeca Baleiro canta Zé Ramalho

Dia 10 de maio, sábado, às 21h

Maria Gadú canta Cazuza

Dia 11 de maio, domingo, às 20h

Dado Villa-Lobos, João Barone, Leoni, Toni Platão e Liminha cantam e tocam The Beatles. Participação especial de André Frateschi, Marjorie Estiano, Paulo Miklos e Sandra de Sá.

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