Aos 60 anos, a curitibana Zeny Nunes Belmonte deixou o emprego em uma agência de turismo e se inscreveu nas oficinas literárias da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). “Nas oficinas, aprendi a ver a musicalidade das palavras, o que não conseguia fazer antes, por falta de técnica”, conta dona Zeny, premiada em 2009 em concurso nacional do projeto Talentos da Maturidade.
Dona Zeny está entre os 7,5 milhões de atendimentos feitos em cinco anos pela prefeitura na área cultural. O número de eventos promovidos pela FCC pulou de 1.732 em 2005 para 3.800 em 2009 (120%). As oficinas literárias, que mudaram a vida de Zeny Belmonte, acontecem nas Casas da Leitura, uma das unidades criadas por meio do Programa de Recuperação de Espaços Culturais.
O programa é inédito na história da cidade. Em cinco anos, a prefeitura revitalizou 25 espaços culturais. “Muitos são prédios históricos e símbolos da cidade, como o Paço Municipal e a Capela Santa Maria”, diz o prefeito Beto Richa. “Outro grande avanço da gestão é a descentralização da cultura, que hoje chega a todos os bairros da cidade”, acrescenta o prefeito.
Desde 2005, praticamente todas as unidades voltadas às ações culturais passaram por melhorias e muitas por grandes reformas. Algumas estavam fechadas por falta de condições de atendimento. É o caso do Teatro Novelas Curitibanas, que permaneceu fechado por seis anos e voltou, em 2006, a ser o palco de importantes produções teatrais.
O Teatro do Paiol passou por uma reforma completa e o Teatro Universitário de Curitiba foi totalmente remodelado, voltando a ser o ponto de encontro das bandas de garagem da cidade.
Também passaram por reformas significativas o Centro de Criatividade, incluindo o Teatro Cleon Jacques, a Casa Erbo Stenzel e o Palacete Wolf, hoje totalmente destinado às ações de Literatura, e onde estão instalados o Teatro do Piá e a Livraria Dario Velozzo.
O Solar do Barão, onde funcionam o Museu da Gravura, o Museu da Fotografia e a Gibiteca, ficou fechado ao público por um determinado período, mas reabriu em melhores condições de abrigar exposições e oferecer cursos em seus ateliês. A Cinemateca de Curitiba passou pela sua primeira reforma desde a sua inauguração. O mesmo aconteceu com a Casa da Memória.
Obras de adequações foram feitas ainda na Ópera de Arame e Pedreira Paulo Leminski. No Parque Barigui, as antigas instalações do Teatro da Maria se transformaram na primeira Casa da Leitura, a Manoel Carlos Karam, que abriga grande parte do acervo do escritor paranaense, adquirido pela Fundação Cultural.
A segunda foi instalada no Parque São Lourenço, a Casa da Leitura Augusto Stresser, e novas casas serão abertas a partir da reestruturação de todas as 11 bibliotecas municipais mantidas pela FCC nos bairros.
Novos espaços
Nos últimos cinco anos, Curitiba também ganhou novos espaços culturais. Uma das obras mais relevantes foi a da Capela Santa Maria, transformada em sala de concertos e sede da Camerata Antiqua de Curitiba.
O Solar do Guimarães, que estava fechado há mais de uma década, foi inaugurado como um Ponto de Cultura difusor das artes digitais, em parceria com o Ministério da Cultura.
O Paço Municipal foi outro importante resgate do patrimônio histórico. Com a parceria do Sesc Paraná, o antigo palacete da Praça Generoso Marques é a nova referência cultural da cidade.
O Moinho Rebouças também foi reformado para abrigar a sede da FCC, um espaço amplo, moderno e com melhores condições de trabalho para os funcionários. “São obras que contribuíram para a revitalização do Centro da cidade”, diz o presidente da FCC, Paulino Viapiana.
Museu e cinema
Mas as obras não terminaram. A prefeitura acaba de concluir a restauração da Casa Romário Martins, o úl,timo exemplar representativo da arquitetura colonial portuguesa em Curitiba, que agora volta a abrigar exposições sobre a história da cidade.
Está em andamento também a grande reforma do Museu Metropolitano de Arte, no bairro Portão. O Bairro Novo vai ganhar um centro cultural e mais uma unidade, no Centro, será restaurada para receber duas novas salas de cinema – os cines Luz e Ritz, que terão novo endereço no antigo quartel da Rua Riachuelo, que está sendo totalmente revitalizada pela prefeitura. (SMCS)