Metallica e Guns n”Roses são duas das bandas que vêm para o Brasil neste ano, tinham possibilidade de fazer shows em Curitiba, mas não vão dar as caras por aqui. Motivo principal: falta de um espaço dedicado à realização de grandes eventos, que comportem de 20 mil a 30 mil pessoas.
Bandas como A-Ha, Dream Theater, The Cranberries, Franz Ferdinand, Coldplay, Akon e Beyoncé também se apresentam em terrinhas brasileiras, enquanto os shows de Curitiba, pelo menos os internacionais, são bem escassos (veja quadro). Em 2010, Curitiba fica, mais uma vez, fora do circuito dos grandes shows que devem movimentar o País, confirmando a tendência dos últimos anos.
Os produtores são unânimes em apontar, como principal fator, a inexistência de locais adequados a receber grandes turnês na capital paranaense. O principal deles, a Pedreira Paulo Leminski, depende de decisão judicial para que seja usado (leia abaixo). “Ninguém vai querer correr o risco de programar um show e ter prejuízo, quando em cima da hora o show puder ser barrado. Não se faz caridade com show, empresário quer lucro”, afirma o produtor Fábio Neves, da Seven Shows, que realizou alguns dos últimos grandes shows na Pedreira, como Pearl Jam, Evanescence, Avril Lavigne e Black Eyed Peas.
Divulgação |
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Paul McCartney pode se apresentar na capital paranaense: especulação. |
O fato é que hoje Curitiba está praticamente descartada na hora de escolher as cidades para a apresentação de atrações internacionais, perdendo lugar para São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília. “Curitiba não é uma cidade que atrai os patrocinadores”, opina Neves. No ano passado, até o nordeste saiu na frente do Paraná ao levar Alanis Morissette.
Sem chance
Shows para mais de cinco mil pessoas sequer são cogitados para cá. “A volta do funcionamento da Pedreira poderia nos fazer competir de igual para igual, já que o espaço do Expotrade não entrou no gosto do curitibano”, ressalta Paulo Lenzi, o PC, da Oxigênio Eventos. Ele também lembra que a reabertura do local poderia contribuir para trazer mais turistas para a cidade, que procuram opções culturais aliadas ao turismo.
Estádios de futebol poderiam ser uma opção de locais para show, mas são pouco utilizados. Na Arena da Baixada, estádio do Atlético-PR, é difícil conseguir autorização, principalmente para uso do gramado. Para que não se destrua a grama para os jogos de futebol, é preciso cobrir o chão com o chamado easy floor, fornecido por uma única empresa no Brasil, e cujo custo é elevado.
Marco Charneski |
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Se voltar a sediar shows, Pedreira Paulo Leminski deve passar por obras. |
Segundo Patrik Cornelsen, da produtora Planeta Brasil, o modelo mais usado hoje mundo afora para grandes eventos é o formato arena, que possibilita uso para diversas finalidades.
Outros fatores
Mais que a inexistência de espaços, produtores colocam em dúvida a capacidade do público de Curitiba em lotar mais de um show de um artista internacional. “No eixo Rio-São Paulo, artistas como Madonna e U2 podem fazer mais de um show que vai lotar. Curitiba, por mais que volte a receber shows de grande porte, não tem tanto público para várias noites”, acredita Cornelsen.
Segundo o produtor, a volta dos shows e a adequação dos espaços poderia contribuir para essa consolidação cultural. “Ouve-se muito de pessoas daqui que se disp&oti,lde;em a ir para outras cidades, até Buenos Aires, para um show. Mas se for aqui, por ser um dia inapropriado ou pelo preço do ingresso, muita gente deixa de ir”, compara o produtor.
Uso da Pedreira deve ter novo acordo mês que vem
Depois de dois anos interditada, a Pedreira Paulo Leminski pode voltar a receber grandes eventos regularmente, caso seja liberada pela Justiça – que nos últimos tempos é quem decide se um show pode ou não ser realizado no local, embora a detentora do espaço seja a Fundação Cultural de Curitiba (FCC). No dia 24 de fevereiro, todas as partes envolvidas – FCC, associação de moradores vizinhos à Pedreira, produtores culturais e integrantes do movimento “A Pedreira é nossa” – se reúnem na 4.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba para tentar chegar a um acordo. E tudo caminha para isso. O possível show de Paul McCartney, em abril, também pode depender disso.
No entanto, muito além dos entraves judiciais, está a manutenção do espaço, o que vai custar caro e levar tempo para que tenha condições de ser novamente aberto ao público. “Nenhum investimento de manutenção foi feito no período em que a Pedreira ficou fechada. Se houver garantia de que volte a funcionar, teremos que fazer um estudo técnico sobre as necessidades e custo dessa manutenção, que o local obrigatoriamente terá que passar”, anuncia o presidente da FCC, Paulino Viapiana.
Manutenção na parte elétrica e colocação em definitivo de equipamentos de segurança, como escada de saída de emergência no fundo do palco, elevador de serviço e grades de proteção, são outros itens que precisam ser adequados ao projeto. Hoje, esses equipamentos são locados a cada show pelo produtor responsável. Na opinião de Viapiana, a Pedreira é um espaço ícone na cidade e, mesmo sendo necessário preservá-la, não é o caso desativá-la definitivamente. Se for reaberta, a Pedreira contará com regras mais rígidas, discutidas entre as partes ao longo de 2009. A principal delas é o cumprimento do horário estabelecido para o fim dos espetáculos: 23h em dias de semana e meia-noite nas sextas e sábados. Para isso, os produtores serão obrigados a preencher um cheque-calção no valor de R$ 50 mil para ressarcimento de eventuais danos. Além disso, os shows serão limitados a duas apresentações mensais. Para o vereador Johnny Stica, um dos principais engajados no projeto “A Pedreira é nossa”, a reabertura do local é fundamental para multiplicar eventos na cidade. “Hoje a maior capacidade de Curitiba é para cerca de 3 mil pessoas, enquanto a da Pedreira é de mais de 20 mil, além da sua infraestrutura e localização, num complexo que é o segundo mais visitado em Curitiba”, diz. (LC)