Quem costuma acompanhar espetáculos humorísticos, certamente já ouviu falar do Stand up comedy. Esse gênero traz o humorista, geralmente se apresentando em pé (vem daí o nome stand up) em que ele encena de cara limpa, isto é, o artista não utiliza qualquer tipo de artifício, como caracterização, personagens, quarta parede, entre outros, para fazer o seu show.

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Feita a devida apresentação, o que muita gente não sabe é que Curitiba é um dos principais pólos de stand up do Brasil, ao lado de São Paulo e Rio de Janeiro. Surpreso?

Não deveria, pois a capital paranaense exporta humoristas para outros estados e é pioneira neste gênero. Parece então que finalmente o antigo slogan “Curitiba, a cidade-sorriso” está fazendo jus a este título.

O principal desbravador do stand up paranaense, Diogo Portugal, conta que o gênero conquistou o público curitibano logo de cara, ao contrário do que houve em São Paulo.

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“Curitiba foi um ótimo terreno para fazer o nosso nome e fama. Emplacamos o gênero de modo rápido, o que nos surpreendeu com tamanha resposta positiva. Em São Paulo, a coisa custou um pouco a pegar e foi preciso batalhar bastante até que a gente emplacasse”, diz.

A grande oportunidade de emplacar o Stand up foi quando Portugal apareceu na televisão. Este momento foi, para ele, o divisor de águas para o gênero. “Quando apareci no programa do Jô Soares e do Faustão, percebi que as oportunidades começaram a surgir. Houve um boom principalmente na internet, onde o vídeo da minha apresentação bombava no Youtube (site de compartilhamento de vídeos), o que ajudou bastante na minha carreira. Isto gerou uma série de convites para apresentações em diversos cantos do País e acredito que ajudei a abrir as portas para os outros humoristas paranaenses”, avalia.

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Embora tenha mudado de Curitiba para São Paulo, Portugal diz que costuma acompanhar o que está acontecendo aqui. “Não posso jamais virar as costas para Curitiba. Foi aqui que comecei e ganhei fama, tanto é que sempre levo a cidade para o meu show. Estamos com uma nova safra de humoristas excepcionais. Sempre que eu posso, dou uma força a eles, pois não tive isso no início da minha carreira. Acho muito importante dar esse apoio, pois nossos humoristas são talentosos”,.

Um dos humoristas curitibanos da nova geração, Afonso Padilha, vem despontando no meio humorístico. Com um ano de carreira, o artista conta como decidiu arriscar os passos neste meio.

“Eu escrevia um blog de humor e quando pintou uma oportunidade para me apresentar em um open mic (microfone aberto, onde a pessoa pode fazer um esquete em três minutos). Não foi fácil, mas felizmente o público gostou. Comecei a participar mais e fui ganhando mais tempo para apresentação. Em novembro, fui convidado para fazer parte do Santa Comédia e desde então estou aí na luta”.

Para ele, a grande vantagem do Stand up é o fato de que uma apresentação feita em Curitiba será compreendida em outras cidades. “A gente trabalha muito com o cotidiano, como trânsito, vizinhos, políticos, etc. Então são temas em que a plateia está familiarizada e muitas vezes se identificam com o que a gente diz. Fazer um personagem, por exemplo, não funciona tão bem, pois cada cidade tem sua particularidade e é preciso se adaptar àquela realidade”, opina.

Apesar de muita gente acreditar que o gênero teria uma vida breve, o Stand up contrariou as previsões mais pessimistas. Para o comediante paranaense radicado no Rio de Janeiro, Eduardo Jericó, esse tipo de humor veio para ficar.

“Afirmo com todas as letras que o Stand up não é uma moda passageira, mas sim uma tendência. O público vem aumentando a cada apresentação e a televisão está procurando esses humoristas para os programas de humor”, garante.

Jericó credita o sucesso do Stand up a Curitiba, pois a capital paranaense abraçou esse formato de comédia. “O curitibano é exigente por natureza. Tanto é que quando querem testar uma fórmula teatral, Curitiba sempre é a primeira cidade a receber a apresentação. Se o pessoal de Curitiba aprovar, pode levar o espetáculo para outras cidades, pois o sucesso ,é garantido. Foi isso que rolou com o Stand up, pois por se tratar de um humor inteligente e refinado acabou conquistando o espectador”, opina.

Ator há 15 anos, Marco Zeni enxergou no Stand up uma ótima oportunidade de explorar ainda mais a sua vocação artística. “Quando comecei, em 2004, o movimento estava crescendo. Sempre gostei de trabalhar com humor e achei que valia a pena me adaptar ao estilo. Acredito que veio daí a minha vocação para a comédia”, conta.

Mesmo com o estilo em alta, Zeni afirma que não é fácil ser um comediante de Stand up. “Você tem que encarar o público sem estar protegido por um personagem, e isto não é fácil. Você precisa ter um texto bom e uma boa articulação, pois o gênero, ainda que seja muito atraente, é exigente. Além disso, é necessário você estar atento ao que acontece ao seu redor, pois isso pode virar um gancho para a sua apresentação”, conclui.